Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


segunda-feira, 31 de dezembro de 2012


O tempo escorre por mim
sem se deixar agarrar
nem medir.

Perdi a conta de tudo aquele em que não te vi

não te tive, nem senti. 
Faltas-me 

a cada dia, a cada hora, a cada instante…

Mas que estranho coisa será esta

de pensar em algo ou alguém

e sentir-lhe a falta
mesmo quando não se a tem?
SS

 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

EROS


Posso ir ter contigo

na ponta de um raio de sol,

no bico de uma gaivota

ou, se por acaso me atrasar,

montada numa estrela cadente

que me deixará no sítio em que te encontrar.

Esse é um lugar especial onde ninguém nos verá

nem o próprio amor que,


se já não fosse cego,

cegaria,


não por pudor,

mas para não nos perturbar.


SS

domingo, 16 de dezembro de 2012


Foi bom rever-te
mesmo que numa simples fotografia
que para o resto dos conhecidos é coisa vulgar
sobretudo para quem tem a sorte de te ver
nesta corrente que são os dias a passar. 

Eu conto cada um deles
como se cada um fosse o primeiro

em que não te vejo.
E como não antevejo 

o momento de te rever
vou tentar mergulhar na fotografia
e imaginar-me já nesses teus braços.
Sinto falta de ti, dos teus abraços
que são sempre diferentes a cada dia
quando conseguimos agarrar o fio da nossa vida
e o ver-te não é uma imagem de saudade
mas de alegria.


SS

 

 

 

 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012



Uma a uma
tenho visto esvaziarem-se as palavras
dos sons que me traziam
e me faziam apetecer usá-las.

Por isso busquei o silêncio
que me permitindo ouvir o nada
me fez mergulhar dentro de mim
e a pouco e pouco repensá-las.


O dia em que recuperar os sons perdidos
Será o momento de voltar a libertá-las


SS

sábado, 8 de dezembro de 2012


Trago-te em mim
como se fosses uma parte do meu ser.

Pelos teus olhos vejo

a verdade dos sentimentos
e a face das emoções.
Pelas tua mãos
aprendo a separar
as diferentes texturas do amor.
Pela minha boca
se soltam as palavras que pronuncias.
Pelo meu corpo inteiro
corre todo o calor do teu.
As minhas veias alimentam-se do teu vigor
sempre que me acaricias.

Só existo porque te tenho em mim


SS

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

UM DIA SERÁ...


Um dia o sol vai nascer
e não mais se porá.
Certamente a lua
não se vai importar
de ficar esquecida
porque adora ficar escondida

para saber o que vai acontecer.

Nesse dia em que o sol  aparecer
e não mais se porá
vamos renascer.
Não precisaremos de luz,

do brilho dos astros
ou da sua cor
pois seremos só nós
os únicos senhores do nosso universo.

E a nossa história,
vivida em anos, sem frente nem verso,
vai tornar a ser
aquilo que foi:
um caso de amor.


SS

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

FIM DE TARDE




Faz frio neste fim de tarde
de inverno antecipado.
O sol não bastou
para nos aquecer o corpo
e muito menos a alma.
Mas o que é preciso mesmo
É termos calma
e sorrir.

Antes frio com sol
do que com chuva a cair.

 SS

sábado, 1 de dezembro de 2012

A FLORBELA ESPANCA



O povo falava, mas nada dizia

Perante uma vida grávida da dor

Tua companheira de tantas jornadas

Mesmo daquelas que julgavas de amor.


O povo falava, mas não admitia

A imagem desprezível que de ti criou

de árvore seca que morreu sem frutos  

história inventada por quem te invejou.


O povo falava, mas nada fazia

Porque a cobardia sempre se cala

Frente à força de quem quer voar.

Um dia voaste. E o povo ainda fala…

SS



Não lamentes quem já se ausentou.
A eternidade é algo sem lugar,
sem princípio e sem fim
para onde todos caminhamos
e donde ninguém voltou.

Quando lá chegarmos
não vamos pensar no que deixamos
nem no que está para vir.
Teremos à nossa espera
todos quantos partiram antes
para prepararem o nosso caminho.

E nesse espaço, que julgamos tão distante
porque nos chama sem avisos,
ficaremos lado a lado com quem já nos deixara
mas que, felizes pelo reencontro,
nos recebem sempre com sorrisos.


SS

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

DIA DE VOLTAR

Um dia vai ser.
Não sei quando
nem o antevejo,

mas sei que vai acontecer.

Nesse dia
Vais-me esperar no sítio do costume,
dar-me o beijo do costume

e arrancar comigo
para um lugar
onde possamos conversar
entre sorrisos e olhares coniventes,
presos entre o desejo e a pressa de amar.

Mais tarde, como de costume,
a conversa rolará fluente,
as palavras sairão sem as pensarmos
e colidirão por vezes certamente
até que os dois,
felizes por as debatermos,
as acomodemos
cada uma delas no seu lugar.

Depois,
bem depois,
do desejo satisfeito,
do coração feliz
e do espírito iluminado

chegará a hora de regressar.
Só não sei quando,
mas um dia vai  ser dia de voltar.

SS

quinta-feira, 29 de novembro de 2012


Escassas são as palavras que me chegam de ti.
Talvez se percam pelo caminho da ausência
ou no vazio dos sons que deixamos de pronunciar.
A pouco e pouco, quase sem sentirmos,
vamos perdendo os segredos da cumplicidade
e os debates que tanto nos apaixonaram.

Que tal voltarmos ao zero e recomeçar?

SS

terça-feira, 27 de novembro de 2012


Longos são os dias
quando apenas nos ouvimos
e não nos vemos.             

Curtos são os dias
quando apenas nos vemos
e não nos ouvimos.  

Os primeiros são os da distância,      
em que as palavras se soltam
em bando desordenado
para nos fazer esquecer quanto o espaço nos separa.  

Os segundos são os da presença,
aqueles em que as palavras disfarçam a saudade
nos gestos, beijos e abraços que trocamos
para apagarmos quanto o tempo nos negara.

 SS

segunda-feira, 26 de novembro de 2012


Perdi-te, amor,
no vento que sopra em contratempo,
no espaço que não se deixa medir,
no passar dos dias que já nem sentimos,
na rotina diária que nos confunde,
nas palavras vazias que proferimos.

Para te encontrar
há que voltar atrás e encontrar o tempo
em que o espaço existia e os dias se ajustavam
ao mundo que ambos construímos
na partilha de gostos e anseios
de seres que viviam porque amavam.

Perdi-te, amor,
mas vou-te encontrar.
Sumiu-se o teu rasto na bruma que se ergueu
mas não o alento para te resgatar.


SS

sábado, 24 de novembro de 2012


Há mil e um segredos entre nós
pequenas coisas,
talvez nem importantes,
mas que guardamos 
nestes nossos encontros virtuais de cada dia
que a distância perturba
mas que torna excitantes.

Haverá algo mais apimentado
do que tentarmos parecer ser só amigos
quando nos sentimos e agimos como amantes?

SS

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

PALAVRA


Cada palavra
quando escrita
permanece.

Quando falada
ganha asas
solta-se no ar
e desaparece.

Por isso te escrevo em cada dia.
Assim saberás sempre
que tudo quanto te digo
tem cunho de garantia.


SS

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

CORREIO


Fiz-te uma pergunta

não com palavras

mas com o olhar.



Agora espero a resposta

que pela mesma via

não deixarás de enviar.

 
SS

terça-feira, 20 de novembro de 2012


A pouco e pouco
começo a esgotar as palavras que guardei para te dizer
os pensamentos que tinha para te confiar
os beijos que guardei para te dar.

Se amar é sempre assim

fui eu que não entendi bem tudo quanto me contaste
ou o amor é uma história que começa pelo fim?

 SS

segunda-feira, 19 de novembro de 2012


Abre-me os teus braços
e acolhe-me.

Dentro deles
é como estar para além do mundo
num sítio onde não há traços
de tristeza nem cansaços,
onde o tempo não existe
e o espaço é apenas uma passagem,
uma ideia feita miragem
que nos atrai para aquela dimensão
que procuramos: 
a do amor
não a do banal, mas a do profundo.

SS

domingo, 18 de novembro de 2012


Quando te voltar a ver

não sei se me vou sentir como se fosse a última

ou a primeira vez.


SS

sábado, 17 de novembro de 2012

ENGANO

Não tenho nada para te dizer.
Esgotei as palavras
no tempo desorientado da espera.
Cada dia que passa é igual ao anterior,
rigorosamente igual,
até nas pequenas coisas do quotidiano.
Assim
de que me servirá hoje falar-te de amor?
Vazia de conteúdo,
por mais que eu te fale
tudo quanto te disser
soará sempre a engano.

SS

sexta-feira, 16 de novembro de 2012



São longas as noites
na minha cama vazia do teu corpo
do teu cheiro
do teu calor.
Nem os sonhos a enchem
ou me trazem o teu sabor.

São longos os dias

na minha vida vazia de ti
cada um igual ao outro
repetindo-se sem novidades
sem esperança
num mar infindo de saudades.


SS

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

TE QUIERO


segunda-feira, 12 de novembro de 2012


Cheiras a ervas e rio
e eu a sal e mar.
Corres entre duas margens que te amparam
enquanto eu, sem limites, ultrapasso horizontes
na busca perpétua de uma praia onde parar.
Ambas as viagens são momentos de procura
para percebermos o que cada um quer e sente:
Tu no teu correr de mansinho
desfrutando calmamente dos sítios de passagem;
Eu, gigante e sempre em fúria veloz
galgando a extensão que me separa de um continente.

Estas nossas viagens de sentires apenas chegarão ao fim
quando que nos encontrarmos numa qualquer foz.


SS

domingo, 11 de novembro de 2012


Nunca questionámos o porquê
desta situação pouco normal
em que tu vieste de um longe 
que afinal era um tão perto
porque saído do espaço virtual.

E o tempo passou
e o amor que assim chegou
tornou-se depressa material.

E apesar do longe ter voltado
e o perto ser tão raro,
assim continuamos,
insistindo teimosamente
neste sentir pouco formal.



SS

sábado, 10 de novembro de 2012


Se pudesse escolher,
hoje seria a tarde ideal
para te encontrares comigo.
O sol ainda está a brilhar
e, se conheço bem os fins de tarde
da nossa beira-mar

nestes dias de Verão de S. Martinho,
o poente vai ser um daqueles de espantar.

Disse-te uma vez
que “o cair da tarde
era o nosso tempo

e o nosso espaço“.

Esqueci-me, porém, de te lembrar
que de todas as horas

esta é a melhor para se amar.

SS

sexta-feira, 9 de novembro de 2012


São teus os pensamentos
que acompanham o meu dia.

São para ti as palavras
que o coração me dita.

São por ti as lágrimas
que se soltam sem pedir.

Sorrio ao pensar em ti
Recordando o teu modo de o fazeres.

O meu caminhar por esta vida
é a minha forma de te seguir.

Será teu o meu corpo
Sempre que o quiseres.


SS

quinta-feira, 8 de novembro de 2012


No meu sono de hoje, amor,

vou guardar um espaço

para sonhar só contigo.

Quando não te vejo

nem te falo,

essa é a forma mais próxima

de te sentir comigo.


SS

quarta-feira, 7 de novembro de 2012



Nesta tarde que, de repente,
se perdeu do sol
e ficou baça e descolorida,
pensei em ti.

Será que este fim do dia
me pareceria o mesmo
se tu estivesses aqui?


SS

segunda-feira, 5 de novembro de 2012





Sabe-me bem a tua voz
apesar de nunca me sussurrar
palavras de amor.
Preferes o silêncio do olhar
para o fazeres.
Ele vem de dentro de dentro de ti e diz-me mais
do que as palavras o fariam
porque me envolve por inteiro.

E quando me tomas nos teus braços
Para partires para o amor
É sempre ele quem me ama em primeiro.
SS

domingo, 4 de novembro de 2012


A pouco e pouco
a minha imagem vai-se desvanecendo.
Tal como a luz neste final do dia
ela já é tão fraca

que não me verás se nada te alumia.

Por isso, amor,
para saberes que ainda estou aqui
deixei uma lâmpada ligada.
Ela vai levar-te até junto de mim
Se por acaso já não estiver acordada.


SS

sábado, 3 de novembro de 2012

Hoje apetecia-me o mar
seara azul ondulante
a perder de vista,
espaço intransponível
onde se guardam segredos
que supõem o impossível.

Em barco feito berço
viajar sem rumo e sem paragem
dar-me-ia a paz perdida
e a minha alma tão cansada,
pela busca de sítios para a acostagem,
renasceria para uma nova vida.

SS

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

No dia em que nesta página página se faz a 500ª postagem de poemas, aqui deixo não um poema pessoal, mas o meu poema favorito, do meu poeta favorito, dito pelo meu declamador favorito:

De Fernando Pessoa o poema "Liberdade" dito de forma espantosa por João Villaret.

A todos quantos por aqui têm pasado, o meu obrigada pela visita. E voltem sempre...


terça-feira, 30 de outubro de 2012


Não quero sentir mais esta urgência
de contar cada dia como se fosse o primeiro sem te ver.

Não quero sentir mais esta urgência

de esperar que chegues ou que eu parta.

Não quero mais sentir esta urgência

de imaginar o possível e só termos o impossível .

Não quero mais sentir esta urgência

de ter de olhar a terra para encontrar o céu.


Não quero mais sentir esta urgência.

de sentir finalmente o teu corpo sobre o meu.
SS

segunda-feira, 29 de outubro de 2012


Amei-te sem saber quem eras
onde estavas
a quem pertencias.

Fui-te descobrindo com o tempo

à medida que crescias
em mim
que não eu em ti.

Hoje
conservas os segredos da chegada
eu vivo dos momentos partilhados.
Ambos temos consciência que existimos
mas apenas nos cruzamos no Nada.


SS

domingo, 28 de outubro de 2012

DESEJO


Espraiar o olhar sobre o teu rio
num fim de uma tarde outonal
vendo ao longe a outra margem
e a ponte desenhada em sombra sobre águas,
sorvendo um chá quente partilhado
em casal .

Voltar para a casa que não temos,
mãos nas mãos e dedos entrelaçados,
atravessar a cidade viva para lá chegarmos
entre palavras e sorrisos construídos na saudade,
por fim descansar da fadiga do amor
bem abraçados,

Esboço de um desejo
ou desejo atrasado?


SS

sábado, 27 de outubro de 2012

ESPERANÇA


Despi-me completamente
do cinza do dia de hoje,

do desconforto da solidão,
das saudades que teimam em não me largar
e lancei-me a uma tarefa inesperada.

Nada como começar um trabalho,
sobretudo se acidental,
para despertar.


Por momentos, anos ou dias,
viverei tão embrenhada na novidade
que me despirei das tristezas
e cada momento passará a ser (se correr bem)
de pequenas e espontâneas alegrias.

Por isso
parti para o desconhecido
e para longe do habitual, do quotidiano,
soltando-me totalmente da rotina. 

Não sei onde vou parar.
Não sei o que vou fazer.
Apenas espero que, enquanto durar,
eu seja capaz de conseguir renascer.


SS

sexta-feira, 26 de outubro de 2012


Quando o mau tempo acabar
jura-me, amor,
que tudo vai ser como dantes.

Que vamos voltar a partilhar
o tempo que roubávamos aos outros
e guardávamos inteiro para nós
apenas para estarmos.

Que boa era essa coisa simples de estarmos!
Falávamos (até tu, que és tão avaro nas palavras),
discutíamos
ríamos

passeávamos
e a cada intervalo que fazíamos
nos amávamos.

Jura-me, amor,
que quando o mau tempo acabar
vamos voltar a ser tudo quanto fomos antes.


SS

quarta-feira, 24 de outubro de 2012


Falta-me o chão
Aquele espaço térreo a que cresci agarrada;
Falta-me o horizonte
Aquela extensão onde julgava ver toda a minha vida esboçada;
Falta-me a certeza
Aquele lugar de segurança em que tudo é uma verdade;
Falta-me a esperança
Aquela virtude que me fazia pensar que ser gente era uma qualidade;
Faltam-me as pequenas coisas de todos os dias
As que me mantinham estável no meu percurso para a eternidade.

Perdi-me eu de mim
Caminhante num país sem rumo nem integridade.


SS

sábado, 20 de outubro de 2012

UM DIA ESPECIAL


Primeiro era o acordar
ao som das palavras, das carícias e do beijo do meu pai.
Depois era o correr para a minha mãe
que me acolhia nos seus braços bem apertados.
Era então a vez da tia Rosa (que foi a minha outra mãe)
e do Zé, o primo que foi meu irmão,
logo seguido pelos empregados das lojas que eram uma espécie de tios.


Assim começava invariavelmente o meu dia de anos
quando fazer anos era uma festa para mim. 

O meio dia marcava a chegada à Boavista,
à casa onde nasci e onde os meus padrinhos (os novos e os velhos)
o Jaime, a Lalas e a Becas, e até a lírica Maria Emília,
retomavam o ritual de beijos e abraços que já tivera em Matosinhos.
Depois eram as corridas com o Lucas à volta da mesa da sala de jantar,
algo proibido, mas muito apetecido.

À tarde era o regresso a Matosinhos e o lanche com os amigos da minha rua
(sim porque eu tinha uma rua só para mim).
Depois das prendas e das brincadeiras
vinha o cheirinho do bolo e o apagar da vela.

Ao jantar, apesar do sono e do cansaço, era vez do meu prato especial:
Bacalhau à Brás, como hoje, tal e qual.
E acabava o meu dia
de volta à cama, nos braços do meu pai, já adormecida.

Hoje
Vou festejar os meus anos mais uma vez.
Não digo quantos
Porque me recuso a passar dos sessenta + 10.
O meu coração já não aguenta
tanta saudade do que ficou e sobretudo de quem ficou para trás.

Vou ter filhas e netos à minha volta,
e certamente os beijos e abraços de amigos,
sms, emails ou votos de felicidade pelo Facebook.

Mudam-se os tempos
ganham-se mais amizades
que vieram conviver com as que já partiram.
Todas guardo com a mesma emoção
Porque todas me marcaram com algo bonito.

Para quantos gostam de mim e mo vão mostrando
vai um abraço do tamanho deste mundo
no momento em que dou um largo passo em direcção ao infinito.
 
GM

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

LEVA-ME CONTIGO


Estende-me a tua mão
e leva-me contigo…

Não interessa para onde
mas leva-me contigo…

Não farei perguntas,
não me afastarei,
caminharei em silêncio

e de olhos fechados…

mas leva-me contigo. 

E se por acaso,
por distração ou cansaço,
eu me queixar
não ligues ao que eu digo…

… continua, em silêncio,
Mas leva-me contigo…

SS

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

PECADO ORIGINAL


Sinto saudades
desse teu ar meio trocista, 
meio apaixonado,
quando, depois do amor,
te deitas de mansinho a meu lado.


Há nos teus olhos uma paz feita de gozo 

que sem cessar esvoaça sobre nós 

derramando-se inteira sobre mim.

E se te pergunto: isto é pecado?

Respondes sorrindo à minha dúvida:

Será que pode ser pecado amar assim?
 
SS
 
 

terça-feira, 16 de outubro de 2012

NOVA MADRUGADA


Hoje desejo uma nova madrugada
que por ser nova anuncie um dia novo
e as suas cores se misturem numa mancha
em que seja impossível distingui-las
porque juntas formam um só tom.

No dia em que nascer essa madrugada
a anunciar o esperado dia novo
voltará a haver esperança
e cada um de nós
terá poder porque tem força.

E a nossa voz se ouvirá mais forte
porque  separados somos apenas seres
mas juntos temos a força de um povo.


SS

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

SILÊNCIO


Certamente não me ouviste
mas eu falei-te
não pessoalmente
nem pelo telefone.
Falei-te através da distância,
aquele espaço sem cor nem tempo
onde não temos lugar
porque ele próprio não existe.
Não tinha nada de especial para te dizer.
Falei por falar e apenas um momento.
É que o silêncio
quando é demais

lembra logo esquecimento...

SS

domingo, 14 de outubro de 2012

ESTE TEMPO

Este tempo
sem tempo
que nos tocou
levou-nos as palavras doces
partilhadas cada dia
numa ida sem volta
numa pergunta sem resposta
num sol que não se pôs
porque não se levantou
num pássaro que partiu
e não voltou.


SS

domingo, 7 de outubro de 2012


Espera por mim
antes de adormeceres.

Eu vou chegar,
meio atrapalhada e confusa
numa corrida louca para te apanhar
antes de adormeceres.

Tenho tanta coisa para te contar!…
Pelo menos uma por cada dia

e já lá vão quantos dias?
Eu já lhes perdi a conta
no meio de tanta polémica

e de tantos afazeres.

Por favor,
continua a ler, amor...

É só mesmo mais um bocadinho
e eu vou chegar.
Por isso espera por mim antes de adormeceres.


SS

sábado, 6 de outubro de 2012

REFLEXÃO


Quando as nossas palavras se encontram
a conversa escorre
e o tempo passa sem o sentirmos.
Mesmo opostas são um ponto de união
que nos compensa da ausência.

No que respeita ao coração
pode-se amar levados pelo calor de um corpo
ou apenas seguindo o rumo de uma boa opinião.


SS

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

ESPERANÇA?



Precisava do teu colo
Desse abraço largo onde caibo toda,
eu e os meus pensamentos,
e deixar-me embalar por ti.

Precisava de ouvir da tua boca que tudo está bem.
que não vai ser preciso lutar
que a esperança vai voltar a ser verde
o céu azul, 
e que tudo se vai arranjar.

Precisava que dissesses que me queres.
Precisava que estivesses aqui
para me dizer que tudo isto não é mais que um pesadelo
e que posso adormecer sem medo
porque se não tiver mais nada
te tenho a ti.  

 SS

 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012



Como as coisas são capazes de mudar!
Há pouco, no meio do lixo
da poda do jardim
surgiu uma magnólia inesperada.
Foi a última do ano
e muito fora da sua temporada
pelo que a recolhi com carinho.

Fenómeno tão raro trouxe-me uma repentina esperança:
Se a natureza é capaz de se renovar assim
conseguirá o nosso desalento destes tempos conturbados
converter-se este Outono numa nova confiança?


GM

domingo, 30 de setembro de 2012

O MEU PAÍS



Pesa-me na alma
ver o meu país nesta convulsão.
Não é a primeira vez
e duvido que seja a última.
Mas faz-me confusão sentir
que este pedacinho que é a terra onde nasci
não tenha conseguido encontrar-se

neste tão longo existir.
E o que mais me apoquenta
É que se contra os estranhos
é um herói
(que o digam os castelhanos)
de portas para dentro
reina sempre uma tormenta
que me faz lembrar Caim e Abel.

Com o mar esqueceu-se o pão.
Para viver ficaram os dedos
porque todos os anéis foram roubados.

E agora …

Agora só irmos daqui para fora
aproveitando a saída pelo mar
a única coisa em que somos os maiores
e que Deus nos deu para  compensar

o erro que cometeu ao criar em nós
esta forma estranha de agir e de pensar.

(Será que um dia a vamos saber aproveitar?)

SS

sábado, 29 de setembro de 2012

CORAÇÃO ATEU


sexta-feira, 28 de setembro de 2012


Amo-te como ninguém foi capaz de te amar
daquela forma doce dos amantes já maduros
que aprenderam a gozar da vida tudo
temendo que o tempo lhes escape
como pássaros a bater asas e voar.

Vivemos momentos que se tornaram laços,
que nos fizeram chorar, que nos fizeram rir,
trocámos em segredo beijos e abraços,
cúmplices neste mistério
a que os humanos chamam existir.


Por tudo isso
amo-te assim
e queria ter-te só para mim
todo o tempo que ainda nos sobeja
até chegar a hora de partir.


SS

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

UM DIA COM POESIA


Começar o dia com poesia
se não der mais nada
traz sempre alegria.
E um dia claro
de sol brilhante
e céu azul,
riscado pelas corridas dos pássaros
e pelo colorido das flores
será sempre um dia radiante:
aquece-nos a alma,
estimula a vontade
e evoca-nos amores.


SS

terça-feira, 25 de setembro de 2012

MOMENTOS


Os momentos que marcam as nossas vidas
Nem todos são iguais.
Há-os pintados de flores coloridas ,
que apetece apanhar
e fazer com elas uma protecção,
para compensarmos aqueles em que tudo corre mal
e o desanimo se instala em nós
e nos oprime o coração. 

Hoje estou assim,
indecisa entre o bem e o mau estar,
por um lado temendo o mal que me pode suceder
por outro presa à esperança que algo de bom me vai calhar.
O melhor, contudo, será mesmo esperar o que por aí vem
Se a esperança é sempre a última a morrer
o milagre, porque surpresa, é o primeiro a chegar também.


SS

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

SEM DESTINO


O tempo e os homens
andam a jogar connosco
às escondidas.

Teceram-nos uma teia
que nos arrasta para onde não queremos ir
mas de que não nos conseguimos libertar.

É uma viagem que se adivinha sem destino
porque por mais que procuremos não encontramos caminhos
e nem sequer mapa nos deixaram para voltar.

SS

sábado, 22 de setembro de 2012

PALAVRAS NOSSAS




O que me atraiu em ti
ainda hoje me intriga…

Eras um ser sem rosto,
abstracto,
surgido de um mundo desconhecido e virtual.
Usavas as palavras
com a mesma forma e intenção das minhas
oscilando entre o académico e o pessoal,
o brejeiro e o tradicional,
tudo o que dá melhor sabor a um escrito
ou até mesmo a um simples dito.

Com o tempo
as nossas palavras,
porque só por nós partilhadas,
enlaçaram-se em sentimentos
e tornaram-se uma língua
deixando de ser linguagem.
E o que foi um encontro casual
passou a ser uma viagem

em que as palavras são o rumo
e os sentimentos o ponto de acostagem.


SS

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

VESTIDO OUTONAL



Neste verão já em despedida
fiz um vestido novo para te receber
com as folhas e flores caídas pelo chão
de um jardim quase outonal.
Moldei-as ao meu corpo,
costurei-as em camadas soltas e inconstantes,
numa espécie de cópia do natural,
e para lhes dar volume e movimento
soprei de mansinho lá para dentro
um pouco do que me faz bater o coração.

Como no primeiro dia em que nos amámos
se me quiseres em teus braços outra vez,
terás de desfolhar esse vestido novo
para melhor disfrutares da minha nudez.


SS

quarta-feira, 19 de setembro de 2012


Em cada um dos meus dias
teço mil fiadas de saudades,
pinto-as com todas as cores
e entranço cada uma delas nas palavras
que vou roubando ao vento do verão
que por mim passa, mas que como é cego

não me vê nem dá por falta delas.

Depois
mando-tas todas sob a forma de poesia
único modo que encontrei
para que caibam inteiras no teu coração.

SS

terça-feira, 18 de setembro de 2012


Hoje
o nevoeiro não permite o passeio habitual
à beira-mar.
Quando chegares,
pela tardinha,
sentemo-nos os dois a namorar
mesmo que sejamos  só nós, o nosso olhar
e um tema leve  para discutir.

Ao longo do nosso tempo
guardei as palavras que pensaste
mas que calaste

e que eram as que eu  gostaria de ouvir.
Talvez que no ambiente deste anoitecer,
que acompanha difuso a despedida do dia ,

as consigas finalmente exprimir.

SS

segunda-feira, 17 de setembro de 2012


Vamos roubar o tempo ao tempo

voltar para trás no percurso que fizemos

repetir hoje cada momento

de todos quantos ambos já vivemos.


Do enrolar dos dias que passaram à história

juntemos os sinais que nos marcaram

ou aqueles a que demos atenção.


Os que nada nos dizem, vamos devolvê-los ao tempo

e para nós ficará apenas o que temos na memória.


Tal como a planta que precisa de seiva para viver

sem memória nunca bate um coração.


SS

domingo, 16 de setembro de 2012

UM BEIJO À LUA


 
Esta noite
para onde quer que ela esteja,
e se é que está,
vou mandar um beijo à lua.
Sempre me fascinou e me pôs a sonhar
a luz que me chega dela
e já viajei muito, só ou acompanhada,
nos fios de luar.
Atrai-me até pelo que tem de segredo
naquela fase em que parecendo apagada
por mais que a procure não a vejo.

Por tudo isto e outras coisas mais,
para aquele céu onde brilha ou se resguarda
lhe vou mandar hoje à noite este meu beijo.


SS

sábado, 15 de setembro de 2012

O RESTO


O resto… é só o resto…

A contagem do tempo que se esvai

Os ansiados toques telefónicos

Os pequenos momentos de silêncio


A leitura partilhada ou debatida

Os bons dias que chegam cada noite

Os beijos encerrados nas mensagens

A ansiedade dos encontros

A alegria que marca cada chegada

A saudade mesmo antes da partida...


O resto … é só mesmo o resto


 aquilo que se atravessa por acaso

neste caminho que é a nossa vida...

SS

sexta-feira, 14 de setembro de 2012


Adivinha-se o Outono
na sombra que cada dia cai mais cedo,
projectada pelo prédio do lado,
sobre as flores quase de papel da buganvília.

É nesta hora que me lembro mais de ti.
Nascemos no verão
mas o Outono foi a primeira estação
em que passamos a ser nós
e não apenas o tu e o eu.
Por isso os fins de tarde do Outono
lembram-me o tempo em que o nosso amor nasceu.


SS

quarta-feira, 12 de setembro de 2012


Soam-me as tuas palavras ao ouvido
num eco que vem de longe.
Não as percebo. Intuo-as.

Embora parcas,
sei que gostas de mas dizer
mesmo quando falas calado
e eu tenho de as adivinhar
no rasto do teu olhar.


SS

terça-feira, 11 de setembro de 2012


Um beijo
só um beijo
para que o meu corpo
não esqueça o teu. 

Custa tanto, amor,

viver assim.
É como alguém abrir as mãos
olhar
e não ter nada de seu…


SS

segunda-feira, 10 de setembro de 2012


Um dia voltarei à poesia,
prometo,
às palavras soltas
coloridas
perdidas no céu azul
ou dispersas pelo mar.

Agora
não me peçam que o faça.
Não estou capaz de as escrever
nem sequer de as encontrar.


SS

domingo, 9 de setembro de 2012


A partir de hoje não há poesia.

Para mim
só há poesia
quando escrevo
para alguém ler,
isso mesmo L E R,
não apenas passar um olhar
porque é costume
por simpatia
ou por dever
não deixando da sua passagem nenhum traço

sobre o que digo e como o faço.


Adivinho,
por pessoal intuição ,
qualquer destas situações.
Por isso quem se reconhecer
nas citadas condições
terá de o confessar directamente a mim.
Irei então ponderar
em função do que me disserem

se vale a pena escrever…

Até lá...

Terão de esperar calmamente
para me voltarem a ler.


SS

sábado, 8 de setembro de 2012


Foi longa a manhã
vai longa a tarde

será longa a noite.
Tudo longo e vazio.
Nada me conforma
nada me diz nada.
Nada me satisfaz
Que saudades
de outro tempo

em que o sol me sorria
tudo valia a pena
e de tudo era capaz.


SS

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

MOMENTOS

Contei cada um dos dias
semana após semana
mês após mês

ano após ano
e tentei avaliar o grau de perfeição 

de cada momento dos que temos partilhado.

Perdi o valor certo para os imperfeitos
Porque a existirem, não dei por eles,
ou esqueci-os.
Talvez por isso todos me pareceram perfeitos.
Melhor dizendo, quase perfeitos
porque em qualquer resenha há sempre algo que se perde
por ignorância nossa ou erro na contagem.

E aqui sei o que me fez ter algum saldo negativo:
Os tempos de abstinência.
Nunca perdemos um momento perfeito possível
só não conseguimos foi lutar contra a ausência.


SS

quinta-feira, 6 de setembro de 2012


Para quê sonhar
se os sonhos se desfazem como fumo
cada manhã ao acordar?
SS

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

OS MEUS LIVROS



Primeiro há que escrever
aquilo que se gosta ou é capaz
prosa ou poesia, tanto faz.
Depois há que escolher

de tudo o que se elabora
o que mais lhe aprouver
ou apenas o que lhe apetecer
e ordená-lo com lógica

para que o entenda o leitor.
E é a vez do computador:
Copiar o texto inteiro
corrigi-lo e paginá-lo
e a seguir imprimi-lo.
Depois de uma verificação

para ver se está tudo certo,
chega a vez de lhe dar forma.
Há que cortar o papel,
com guilhotina ou x-acto
e em seguida acertá-lo
ou seja como que alindá-lo.

Das folhas passa-se ao livro:
Há que fazer uns furos na margem
de preferência na esquerda,

juntar as folhas por ordem
e, para não caírem na desordem,

logo depois cozê-las
umas às outras bem presas.
Cuidadinho com as rugas
pois queremo-las lisas e tesas.
Vinca-se-se ao meio um cartão
(com o dobro de cada folha)
Que servirá da capa ao dito.
Cola-se o caderno cozido
pela linha da dobragem
para fazer a lombada.


Em seguida vem o texto:
põe-se 1 cm de cola
no síto onde dobra a lombada
Na página do rosto e no final
(processo de disfarçar
o que houve de costurar).
Depois colam-se rótulos
com o título e a editora.
Deixa-se tudo a secar
debaixo de um peso grande

Gostaram? E depois?

Ofereço-o aos amigos
presumindo de artesã
porque além de escritora,

fui tipógrafa
encadernadora

e até mesmo editora.

SS

terça-feira, 4 de setembro de 2012



Há muitas maneiras de dizer
quanto te quero.

Eu prefiro não falar
porque as palavras enganam
e podem ser interpretadas
do modo ilusório
por quem as usa
ou por quem as vai escutar. 

Por isso agradam-me mais
os gestos
as carícias
os beijos e os abraços
e os olhares.

São coisas tão simples mas tão elementares
que nem precisam de tradução:
o modo como se trocam
revelam a quem nos vê

a exacta dimensão
da intensidade da nossa paixão.


SS

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

NOSSO DESERTO




Gostaria de atravessar contigo um deserto
onde não houvesse nada nem ninguém

e nós sentíssemos nessa longa imensidão
como que os donos do universo
e senhores de nós próprios de forma plena.

Seria nosso o direito de impormos um querer
sem controlo, sem vigilância, sem olhares acusadores.
Não seríamos reis, apenas dominadores
de um espaço vastíssimo onde nunca existiria
nada de tudo quanto nos fosse adverso.


SS

domingo, 2 de setembro de 2012

A ÚLTIMA MULHER QUE TOCA A MESMA MÚSICA



Quantas mulheres houve na sua vida?
Claro que não confessa
Talvez nem as tenha contado

mas dentro de si algo ficou guardado:
a marca de cada uma,
os porquês da afeição

os seus cheiros,
os corpos,
as maneiras de amar…

Não tenho ciúmes
de qualquer uma delas
nem do que cada uma foi para si.
Com alguma probabilidade,
se atendermos ao tempo que passa
e à nossa idade
no que toca a partilhar sentimentos
sinto-me candidata a ser a última
a usufruir essa oportunidade.


SS

sexta-feira, 31 de agosto de 2012



Foi pesado o dia de hoje
pelo teu lado
e pelo meu.

A tarde trouxe-me um pouco de paz
e adormeci, cansada de pensar,
no sofá que é o meu confessor.
Por momentos sonhei contigo
e quando acordei, meio atordoada,
Interroguei-me
Porque me afligira hoje tanto.

Então percebi que só sou capaz
de viver de forma sustentada
sabendo que posso contar com o teu amor.


SS

quinta-feira, 30 de agosto de 2012


O regresso a casa
Traz sempre coisas esperadas
como o pó nos móveis
por todo o lado,
a caixa do correio a abarrotar
com cartas, folhetos e jornais,
as sombras por todo o lado

e algum aparelho útil
que aproveitou o desuso
para avariar.

Mas sabe bem regressar…
É a cama e o sofá do costume
que esperamos abraçar,
as coisas que são só nossas
juntas para nos receberem:
os cheiros habituais,
os factos de todos os dias,
os vizinhos do café,
o porteiro e o elevador,
o autocarros e as gentes,
toda a rotina vulgar
em que assenta o nosso Estar. 

Sabe sempre bem partir
mas mesmo bom é voltar!



GM

terça-feira, 28 de agosto de 2012

ESPAÇO E AUSÊNCIA




Quando me encontraste
senti a agitação do desconhecido
misturada com a magia
do ter sido descoberta.
Nunca dera por ninguém
no espaço que dizem virtual.
Desconhecia o que isso era
e que por lá havia gente a circular.
Não senti nunca como concebível
essa superfície sem dimensões onde me viste
bem próxima do que eu imaginava por inexistência.


O tempo passou.
Aprendemos muito,
mas sobretudo tomámos consciência
que, o espaço que hoje partilhamos
e onde nos queremos,
apesar de ser o real
se identifica com o virtual
porque como este
é para nós um espaço também vazio
mas tem um nome:

Chama-se ausência.

 SS

segunda-feira, 27 de agosto de 2012



A tarde passou numa correria
sem eu dar por ela.
Perdi-me com a escrita
e voei nas asas dela
para tentar fazer algo
do caos onde me encontrei.
Mas a dita
Enganou-me no caminho
e eu extraviei-me
e com ela o meu rumo.

Já era noite quando acordei…

SS

domingo, 26 de agosto de 2012

DEPOIS DA CHUVA


Hoje
o sol acendeu-se
varreu as nuvens
e apagou a chuva.


A natureza
riu-se novamente,
os pássaros voltaram ao jardim
para beijarem as flores
que, felizes, se abriram de repente
num painel luzidio de mil e uma cores.


SS

sábado, 25 de agosto de 2012

SAUDADE


Saudade
é o amor que fica
nas pequenas coisas do nosso quotidiano:
um objecto
um beijo
um carinho

um animal
uma flor
e nas grandes coisas de toda a nossa vida:
um país
uma casa
uma família
uma pessoa
um grande amor...


SS

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

ROTA DAS PALAVRAS


Quando as soltam,
as palavras ganham asas
cruzam céus desconhecidos
rotas por abrir
mares e oceanos infinitos
percorrem continentes
em busca de quem as saiba ouvir
para serem partilhadas.

Às vezes caiem em locais errados
e não se sentindo entendidas
partem novamente
e recomeçam o caminho
com o mesmo vigor
e a mesma mensagem da partida
até chegarem a quem sinta 

que elas lhes foram destinadas.

SS

quinta-feira, 23 de agosto de 2012




O silêncio é um buraco fundo
onde se enterram as palavras.
Com elas vão
o sentido das coisas
o estar
as emoções
os afectos
as sensações
tudo que faz de nós um ser
com capacidade de viver e de amar.

Porquê escondê-las
se a vida nos concedeu
o som para as pronunciar?


SS

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

CAMINHO DO AMOR


Volúvel e diverso
é o caminho do amor.

Nasce como um fio de água corrente
fino
transparente
coleante
e flui contornando os obstáculos
com que depara
na busca do ser amado. 

Muitas vezes
as dificuldades do percurso escolhido 

desviam-no,
fazem-no perder o sentido
e ele desaparece naturalmente
como água que se some no areal.

Noutras
o rumo que toma
fortalece-o
e enfrenta sem hesitações
qualquer impedimento
até conseguir o que deseja..

Quando isto acontece
pode descansar feliz
nos braços do ser amado.
que é a razão final do seu intento…


SS

domingo, 19 de agosto de 2012





A tarde amornou
sobre os corpos ferventes dos banhistas.
A praia foi-se esvaziando
e o sol desceu lentamente
desfazendo-se no mar
numa poalha de brilhantes.


O ar ficou parado.
Deixei-me ficar no quebranto
a gozar o silêncio que não tivera antes
e que agora nem as ondas perturbavam.

Dei por mim mais tarde,
Acordada de um sono que não dormi.
Sozinha…


Sozinha não
com o areal e o mar
estavam as mesas vazias a meu lado.
SS

sábado, 18 de agosto de 2012



Hoje vou pintar.
Não figuras banais
sobre uma tela
ou uma paisagem numa aguarela. 

Quero fazer algo diferente,
com outros temas,
e inesperados materiais.

Como tela terei um pedaço do azul do céu
e nele traçarei tudo quanto vivi 

e que guardo na memória.
E para complicar um tema já de si tão complexo
e difícil de representar
vou misturar o que fiz e o que desejo
num fundo de uma história de encantar.


SS

sexta-feira, 17 de agosto de 2012



Mesmo sem o ver
eu sinto o mar
trazido pelo grito das gaivotas
que vêm ter comigo.

Que pena, amor, estares ausente.
Se aqui estivesses,
espraiando-se através da maresia,
seria o próprio mar
que viria ter contigo.

SS

quinta-feira, 16 de agosto de 2012


Depois da festa
vem a melancolia,
o arrumar das coisas,
o relembrar conversas,
as gargalhadas
às vezes por pequenos nadas
como descobrir quem ofereceu
o presente que a um canto jaz…

Depois da festa,
da mesa vazia
e das cadeiras arrumadas
vem finalmente a paz.


GM

terça-feira, 14 de agosto de 2012

QUERO-TE

Quero-te
Não sei porquê.

Nas coisas do amor
não há razões
nem explicações
apenas emoções
cores, luz
e outras sensações.

Saber que te quero
dá-me paz
e torna-me capaz
de responder
a este meu desejo
de entender
tudo que gira
à volta de mim
até mesmo daquele porquê
de te querer assim.


SS

segunda-feira, 13 de agosto de 2012


Hoje é domingo,
dizem que dia de descanso.
Mas para quem de descanso anda cansada
o melhor é não fazer mesmo nada.
Até amanhã...
SS

domingo, 12 de agosto de 2012

UMA CANÇÃO INESQUECÍVEL


Para todos quantos se lembram ainda da voz espantosa de Maysa Matarazzo, cantora brasileira falecida em acidente de viação nos anos 70. Não fica a dever nada ao Brel.
Um bom domingo

sábado, 11 de agosto de 2012



Em cada amanhecer
São teus os beijos
que me despertam.

Em cada poente
são teus os braços
que me estreitam.

Em cada noite
são teus os sonhos
que me embalam.

Em cada dia que avança
Une-nos um fio invisível,

Tecido em amor,
Que nos envolve de esperança.


SS




sexta-feira, 10 de agosto de 2012



Sinto-te fugir da minha vida pouco a pouco.
O teu silêncio esconde a razão

desse afastamento
Para a descobrir
disfarcei-me para te seguir
sem que desses por mim.
Para isso roubei as cores do arco-íris
e misturei-me com os tons do poente
e persegui-te cada dia
ao fim da tarde,

a hora em que a verdade custa menos
porque antecede a escuridão da noite
que é a mãe da fantasia.


Assim se não te encontrar
conseguir-te-ei pelo menos recordar.


SS

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

I've got you under my skin

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

ESPERA?


Por tudo e até por nada
pelo que me deste
pelo que me dás

pelas palavras
pelos silêncios
pelos risos
pelas lágrimas
pelas presenças
pelas ausências
pelo encontro
pelas partilhas
pelas buscas
pelas ideias partilhadas
mas sobretudo pelo teu olhar
que me beija até sem me ver
tem valido a pena viver
mesmo a esperar.
Porquê?
Não sei. 


Talvez um dia o descubramos


SS

terça-feira, 7 de agosto de 2012

OLHARES



São complicados os olhares
porque ou expressam de mais
ou se fecham no menos.
Contudo gosto mais destes
porque desafiam a adivinhar
o que se guarda neles
e que gostaríamos de saber.

Se estivermos atentos
percebemos que, mesmo calados,
deixam voar confidências.

Depois… é só esperar
que a mensagem seja clara
e que o que esses olhos nos contam,
e são coisas muito nossas,
não revelem imprudências.

SS