Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sábado, 31 de maio de 2014

O MEU ESPAÇO


Regresso do passado
no exame diário do meu presente…
E eu,
que dizem agente de futuros imprevisíveis,
sinto-me moldada numa imagem irreal
por quem julga que o meu tempo é indistinto
entre o viver e o realizar-me num dever imposto.
Sou fruto do que ficou para trás,
de gerações que não conheci, nem senti
e cuja herança transformo, em cada dia,
no muito, pouco ou nada
de tudo quanto dou e que recebo.

São meus os pensamentos e o querer
que florescem livres, sem medos nem limites
a cada estação que passa…
E sou feliz,
mesmo quando mal me querem,
porque bem me quero
no espaço que escolhi.

IL
 

 

sexta-feira, 30 de maio de 2014

SINFONIA

Sufocam-me as emoções.
As palavras saem-me distraídas
meias perdidas
como o som de um piano desafinado
que desconcerta a melodia
previamente ensaiada.

Não as consigo agarrar,
na confusão instalada,
porque não respeitam o ritmo
e o compasso adequado.

E eu, autora da partitura,
por mais que tente arrumá-las
e acertá-las numa pauta,
não lhes encontro harmonia
nem compasso ajustado.

 
SS

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Banho de paz


Um momento de música,
Pode ser Chopin,
Beethoven ou um pouco de Lizt ,
Qualquer deles me satisfaz.


Aceito tudo desde que me fale à alma
nesta tarde em que preciso,
para organizar ideias
e escapar da confusão que me rodeia,
de ter somente um pouco de paz.

SS

POR UM MOMENTO


Por um momento
um raio de esperança
atravessou o céu
e pousou directo em mim.

Por um momento
sonhei que esta ausência,
que não pedimos, mas aconteceu,

ia conhecer um fim.

Por um momento
esperei ter-te em meus braços
e na forma do costume
preparei todo o festim…

Mas nada do que aguardamos
aconteceu afinal...
Será que os deuses invejam
os homens que amam assim?


SS

domingo, 25 de maio de 2014

PARTIR


Partir,
mas partir com quem? 
 
Com quem soubesse quem sou ,
o que quero, para onde vou,
entendesse as minhas palavras
e partilhasse meus sonhos e loucuras.

Viajaríamos para além do firmamento
por onde  ninguém nos avistasse
para que essa viagem fosse somente nossa.
Mergulharíamos no verde fundo do mar

em busca de tesouros perdidos
que acabaríamos por descobrir
terem existido desde sempre em nós 

Parte-se sempre que se quer voar.
Fazê-lo com alguém
que viajasse assim comigo
faria com que eu perdesse o desejo de voltar.
 
SS