Uma irreverência entre a memória e a saudade
Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...
sábado, 7 de maio de 2011
CAÇA
Pensei em ligar-te
Mas não o fiz
(confesso que a contragosto).
Às vezes sinto-me
Uma espécie de ave predadora
Que persegue a caça
Sem desistir.
Mas nem tu és animal
Nem eu águia ou açor.
Quando teimo em te seguir
É mesmo só por amor.
SS
sexta-feira, 6 de maio de 2011
NÓS
Vamos falar de nós
De tudo que nos apetece
Mesmo não sendo importante.
Dizermos que o dia está lindo
Nem que troveje.
Que a lua brilha mais
Mesmo sendo nova.
Que tua camisa é linda
E condiz com o que visto.
Ainda que isto seja mentira
Sabe bem.
Deitemos para trás o que não interessa
Nem nos derrubemos com a angústia
Ou com momentos de pavor.
Passemos por cima do que nos agride
E vamos esquecer o mundo, meu amor
SS
quinta-feira, 5 de maio de 2011
terça-feira, 3 de maio de 2011
domingo, 1 de maio de 2011
SONHO
Por momentos
Adormeci no sofá
Lendo um livro sem interesse.
Talvez por isso mesmo tivesse adormecido.
Um raio de sol
Acordou-me de um modo divertido
Traçando arabescos no meu nariz
Mas cortando o filme do meu sonho
Em que o príncipe beijava a plebeia.
Que pena! Assim nunca saberei
Se o seu desfecho iria ou não ser feliz.
SS
MÃE - PARA SEMPRE
Para sempre
Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drumond de Andrade
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