Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

VOAR

Ensina-me a voar
e leva-me contigo
pelo mundo inteiro
porque sem ti não o saberei alcançar.

Quero conhecer o chão
que pisas todos os dias,
os lugares onde te escondes,
de onde partes e onde chegas
para que eu te possa encontrar.
Faz-me voar, até ao firmamento,
se isso for preciso.


Não quero perder-me de ti
em nenhum momento.


SS

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

SOL DE INVERNO

Na tarde cinzenta
o sol esforçou-se,
rompeu as nuvens
e veio passear no meu jardim.


A rosa em botão mudou de cor,
do muro saltou um gato
espantando o pássaro que voava sobre mim.

Obrigada, Senhor pelo momento de luz
que trouxe um pouco de calor
a este Inverno de que não se prevê o fim.



SS

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

PEQUENOS GRANDES PRAZERES

Não sou de grandes prazeres
Daqueles que evocam
O infinito ou o pecado.
Bastam-me os pequenos
De preferência variados: 

Um livro que se descobre
E se lê em solidão;
Uma música, talvez um swing,
Que me arrasta a paraísos perdidos;
Um encontro de amigos,
Marcado ou inesperado,
Festejado em união
De uns tintos bem escolhidos… 

Tudo para mim é um prazer
Se me enche o coração. 

SS

 


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

NOSSO TEMPO





Este tempo
sem tempo
que nos tocou
levou-nos as palavras
partilhadas cada dia
numa ida sem volta
numa pergunta sem resposta
num sol que não se pôs
porque não se levantou
num pássaro que partiu
e não voltou.


SS



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

QUANDO A SAUDADE BATE


É assim
quando a saudade bate
não basta o som das palavras
nem a recordação dos dias que já foram.
 
Quando a saudade bate
bate pelo tempo que há-de vir, mas não chega,
pelo toque da pele de que se teme perder o cheiro,
pelos silêncios que dizem mais do que as palavras,
mas, sobretudo,
pela pela ânsia de sentir o teu coração a bater encostado no meu peito
 
 
SS

domingo, 19 de janeiro de 2014

DEPOIS DA TEMPESTADE... VEIO O SOL


O meu pátio
parece uma rua de bairro popular
em festa de padroeiro.
Bandeirolas de camisas e camisolas,
festões de saias e calções
e lençóis lembrando colchas
penduradas das janelas.
Nas casas aqui do lado
repete-se a trabalheira.
Da rua chega o espanto
dos pedestres espantados
pela barulheira
e sobre o que aqui sucedeu. 

Pobres coitados!

Talvez porque é domingo,
santo dia  de lazer,
sem temporal avisado,
no seu passar alheado
nem viram que o sol nasceu
enxugando as nossas almas
e o enxoval pendurado.
 
SS