Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sexta-feira, 5 de abril de 2013

FIO DE UMA HISTÓRIA


Apanhei um fio da tua história
e instalei-me nela 

sem pedir licença.
O teu silêncio
interpretei-o como permissão
para lá permanecer.

Primeiro fiquei só um pouco
depois fui ficando, ficando
e quase sem dar por isso
ocupei o teu espaço
e sem me tentar esconder
preenchi-o até ao fim.

E o fio da tua história,
aquele que eu tinha puxado
para ser parte de ti
envolveu-se todo em mim.


SS

quarta-feira, 3 de abril de 2013

REGRESSO DO SOL



Com o sol chegou-me a tua imagem.
Talvez tenha sido por me sentir acariciada
pelos fios de calor que me envolveram
como num abraço
e que me fizeram lembrar
os que me costumas dar

quando me tens só para ti. 

Ando tão falha deles…


Terá sido por isso
que este inverno foi tão frio
e o céu chorou todos estes meses?

Esperemos um pouco mais…
até ao sol voltar a ser um amarelo radiante
e o céu se vestir todo inteiro de azul.
Então nada nem ninguém me prenderá.
Voltarei a ser gaivota livre,
solta de amarras e de temporais
que irá abandonar a praia da espera,
sítio escondido dos que sofrem,
e onde quer que estejas aí te encontrará.


SS