Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sábado, 4 de agosto de 2012

SONO?



A tua cabeça
descaiu devagarinho
sobre o ombro a que estavas encostado.

Adormeceras.

A conversa não conseguira competir
com o calor da tarde 

ou,
se calhar,
não estavas interessado 

no que eu te estava a contar
e esperavas outra coisa.

Não te importes, amor,
não era nada de especial
nem nada que já não soubesses.
Logo te direi
quando, acordado.
e relaxado
já me quiseres ouvir.

Assuntos de amor
podem adiar-se
porque há sempre tempo para os repetir.


SS

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

PAUSA NA POESIA

Hoje apetecia-me ir buscar
outro tipo de poesia
para te escrever.
Algo que não falasse
de sol ou de mar,
de gaivotas ou flores
e até que nem tivesse que ver com amores.
E o dia ajuda porque está cinzento
(vai chover” segundo a meteorologia).

Falando a verdade hoje não tenho tema nem mote
e talvez nem disposição.
Poetar pede sempre um momento
de paz e melancolia
e coisas mais que hoje não tenho

com a empregada de férias
e tanta roupa para passar.


Esperemos por amanhã.

Mesmo a trabalhar arduamente
talvez seja um melhor dia.

GM

quarta-feira, 1 de agosto de 2012



Todos os dias parto de mim
em silêncio, sem projectos e sem rumo…
Caminho ao sabor do vento
e em direcção à luz
procurando algo que não sei se existe…

Mas se existir e eu encontrar o que desejo
traçarei projectos e até um rumo.
E no dia em que tiver de novo a minha voz
anunciarei ao mundo que existo
mais do que para mim
para ambos nós.


SS

segunda-feira, 30 de julho de 2012

RAIO DE SOL

Dá-me a tua mão
e aperta nela a minha.
Mesmo à distância
eu vou sentir o toque da tua pele
a acariciar-me.
Não que sejas dado a esse tipo de “pieguice”
ao contrário de mim, que adoro a mimalhice.

Sabe tão bem sentir-te…

Até o sol, gentil, entendeu o meu desejo
e decidiu juntar-se, feliz,
à ternura a que foste obrigado:
entrou pela janela um raio alaranjado
e veio dar-me um beijo na ponta do nariz.


SS

domingo, 29 de julho de 2012



Não sonho com estrelas.
Estão demasiado longe
para que a sua luz me ilumine e os mitos que as rodeiam
só servem para me iludir.
Prefiro a textura viscosa das estrelas do mar
que a água traz até mim com as marés.
quando, triste e só,
espero pelos poentes estendida na areia.
Todas elas me rodeiam e me contam histórias
talvez julgando que sou uma sereia
porque tão entretidas estão no desfiar das suas aventuras
que nem reparam que, em vez de cauda, eu tenho pés.

SS