Uma irreverência entre a memória e a saudade
Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...
sábado, 24 de maio de 2014
PARA A ANA LUÍSA AMARAL
Há uns anos, houve uma menina de bata branca e de cinto ao lado, que foi minha aluna. Os anos passaram e essa menina tornou-se uma poetisa das mais conhecidas deste nosso país de poetas. No dia do lançamento do seu livro "A arte de ser tigre" eu escrevi uma poesia para ela. Não me lembro se lha mandei. Se não o fiz, pelo menos guardei-a para outro dia. Hoje, porque ela me passou pelos olhos e porque a Ana Luísa lançou mais um dos seus filhos e eu não pude estar lá, aqui lha deixo:
Houve um tempo
em que eu era dona das palavras
que viviam embaladas no meu colo.
Então tu jogavas com elas num jogo cujas regras
rejeitavas
e nem tentavas compreender.
E por isso defrontávamo-nos
em questões
que eu perdia sempre
frente às tuas ideias
que voavam sozinhas
e escorriam livremente
pelos teus cadernos de Português.
Agora há um tempo
em que foram muitos os caminhos
que percorremos
e és tu a dona das palavras
e eu quem joga com elas
bem aninhada no colo das tuas letras.
(Para a Ana Luísa no dia do lançamento do seu livro “A arte de ser tigre” – 25/11/2003)
Um beijo, Ana Luísa
Houve um tempo
em que eu era dona das palavras
que viviam embaladas no meu colo.
Então tu jogavas com elas num jogo cujas regras
rejeitavas
e nem tentavas compreender.
E por isso defrontávamo-nos
em questões
que eu perdia sempre
frente às tuas ideias
que voavam sozinhas
e escorriam livremente
pelos teus cadernos de Português.
Agora há um tempo
em que foram muitos os caminhos
que percorremos
e és tu a dona das palavras
e eu quem joga com elas
bem aninhada no colo das tuas letras.
(Para a Ana Luísa no dia do lançamento do seu livro “A arte de ser tigre” – 25/11/2003)
Um beijo, Ana Luísa
quinta-feira, 22 de maio de 2014
VIAGEM
Dá-me a tua mão
e ensina-me o teu olhar.
Quero ver as coisas claras como tu.
Mostra-me o céu do teu imaginário
e o mar em que navegas
quando repousas nesse teu silêncio
tão profundo e que apenas tu sentes
mas não sabes explicar.
Dá-me a tua mão
e leva-me contigo
num voo de gaivotas ou num rasto de corça,
se preferires,
mas não me deixes só.
Sem ti perderia as referências de sentir
porque esqueceria a capacidade de amar
e como uma árvore seca, retorcida,
levada pela corrente,
nunca encontraria a tua foz.
Vem, estende-me a tua mão...
Assim…
de mansinho …
e guia o meu caminhar…
SS
e ensina-me o teu olhar.
Quero ver as coisas claras como tu.
Mostra-me o céu do teu imaginário
e o mar em que navegas
quando repousas nesse teu silêncio
tão profundo e que apenas tu sentes
mas não sabes explicar.
Dá-me a tua mão
e leva-me contigo
num voo de gaivotas ou num rasto de corça,
se preferires,
mas não me deixes só.
Sem ti perderia as referências de sentir
porque esqueceria a capacidade de amar
e como uma árvore seca, retorcida,
levada pela corrente,
nunca encontraria a tua foz.
Vem, estende-me a tua mão...
Assim…
de mansinho …
e guia o meu caminhar…
SS
quarta-feira, 21 de maio de 2014
NOME
Não digas o meu nome.
Soletra-o devagarinho
e só depois o pronuncies por inteiro.
Na tua boca soa como um poema que nunca ouvi
em que o mais importante não é a melodia
ou sequer a rima
mas sim a afinação das letras entre si.
Por isso, amor, guarda-o bem dentro de ti
e repete-o sempre que me falas.
O acaso que mo deu um dia
determinou que ele deveria
ser-me dirigido apenas e sempre só por ti.
SS
Soletra-o devagarinho
e só depois o pronuncies por inteiro.
Na tua boca soa como um poema que nunca ouvi
em que o mais importante não é a melodia
ou sequer a rima
mas sim a afinação das letras entre si.
Por isso, amor, guarda-o bem dentro de ti
e repete-o sempre que me falas.
O acaso que mo deu um dia
determinou que ele deveria
ser-me dirigido apenas e sempre só por ti.
SS
terça-feira, 20 de maio de 2014
FUGA
Sinto-te fugir da minha vida pouco a pouco.
O teu silêncio esconde a razão
desse afastamento.
Para a descobrir
disfarcei-me e segui-te
sem que desses por mim.
Para isso roubei as cores do arco-íris,
O teu silêncio esconde a razão
desse afastamento.
Para a descobrir
disfarcei-me e segui-te
sem que desses por mim.
Para isso roubei as cores do arco-íris,
misturei-me com os tons do poente.
e persegui-te cada dia
ao fim da tarde,
à hora em que a verdade custa menos
porque antecede a escuridão da noite
que é a mãe da fantasia.
Se não te puder encontrar
e persegui-te cada dia
ao fim da tarde,
à hora em que a verdade custa menos
porque antecede a escuridão da noite
que é a mãe da fantasia.
Se não te puder encontrar
É porque não queres regressar...
SS
segunda-feira, 19 de maio de 2014
SE ME QUERES
Se me queres,
Ajuda-me a descobrir o mistério do azul do céu
Para que eu possa entender os seus caminhos
E seja capaz de voar.
Se me queres,
Ajuda-me a descobrir os segredos do mar
Para que eu possa entender os mitos das sereias
E seja capaz de acreditar.
Se me queres,
Ajuda-me a descobrir porque a relva é verde
Para que eu possa entender os dons da natureza
E seja capaz de me decifrar.
Se me queres,
Ajuda-me a descobrir a extensão do Universo
Para que eu possa entender no imensurável
A minha capacidade de te amar.
SS
Ajuda-me a descobrir o mistério do azul do céu
Para que eu possa entender os seus caminhos
E seja capaz de voar.
Se me queres,
Ajuda-me a descobrir os segredos do mar
Para que eu possa entender os mitos das sereias
E seja capaz de acreditar.
Se me queres,
Ajuda-me a descobrir porque a relva é verde
Para que eu possa entender os dons da natureza
E seja capaz de me decifrar.
Se me queres,
Ajuda-me a descobrir a extensão do Universo
Para que eu possa entender no imensurável
A minha capacidade de te amar.
SS
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