Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sábado, 3 de novembro de 2012

Hoje apetecia-me o mar
seara azul ondulante
a perder de vista,
espaço intransponível
onde se guardam segredos
que supõem o impossível.

Em barco feito berço
viajar sem rumo e sem paragem
dar-me-ia a paz perdida
e a minha alma tão cansada,
pela busca de sítios para a acostagem,
renasceria para uma nova vida.

SS

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

No dia em que nesta página página se faz a 500ª postagem de poemas, aqui deixo não um poema pessoal, mas o meu poema favorito, do meu poeta favorito, dito pelo meu declamador favorito:

De Fernando Pessoa o poema "Liberdade" dito de forma espantosa por João Villaret.

A todos quantos por aqui têm pasado, o meu obrigada pela visita. E voltem sempre...


terça-feira, 30 de outubro de 2012


Não quero sentir mais esta urgência
de contar cada dia como se fosse o primeiro sem te ver.

Não quero sentir mais esta urgência

de esperar que chegues ou que eu parta.

Não quero mais sentir esta urgência

de imaginar o possível e só termos o impossível .

Não quero mais sentir esta urgência

de ter de olhar a terra para encontrar o céu.


Não quero mais sentir esta urgência.

de sentir finalmente o teu corpo sobre o meu.
SS

segunda-feira, 29 de outubro de 2012


Amei-te sem saber quem eras
onde estavas
a quem pertencias.

Fui-te descobrindo com o tempo

à medida que crescias
em mim
que não eu em ti.

Hoje
conservas os segredos da chegada
eu vivo dos momentos partilhados.
Ambos temos consciência que existimos
mas apenas nos cruzamos no Nada.


SS

domingo, 28 de outubro de 2012

DESEJO


Espraiar o olhar sobre o teu rio
num fim de uma tarde outonal
vendo ao longe a outra margem
e a ponte desenhada em sombra sobre águas,
sorvendo um chá quente partilhado
em casal .

Voltar para a casa que não temos,
mãos nas mãos e dedos entrelaçados,
atravessar a cidade viva para lá chegarmos
entre palavras e sorrisos construídos na saudade,
por fim descansar da fadiga do amor
bem abraçados,

Esboço de um desejo
ou desejo atrasado?


SS