Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sábado, 10 de setembro de 2011

A VIDA NO POEMA

A vida não cabe no poema
Nem o explica
Apenas lhe serve de tema .

SS

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

AQUECE-ME O SOL

Aquece-me o sol
Que ilumina
O espaço vazio em que estou.
Divertem-me as sombras
Que projecta
E cujas formas
Me convencem
Que foi mão divina que as traçou.


Busco-te nessas formas
Que me atraem
Mas não te encontro
Nem há sinais da tua passagem.
Será que nunca ali estiveste
Ou perdeste o rumo arrastado pela aragem?

SS

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

ESPERA

Espero por ti
Na janela da casa,
no areal extenso da praia,
no cimo da montanha
na margem do rio.

Umas vezes
Fantasio a tua chegada
Como a dos cavaleiros medievais
Salvando a sua dama
Abandonada na torre.


Outras adivinho-te nos passos
Que se pressentem na rua
Nos carros que chiam ao travar
E nas vozes em surdina.
Esperar por ti apenas para te ver
É o meu fado.
Quanto daria para que essa espera
Fosse para te amar
Mesmo em pecado.


SS

terça-feira, 6 de setembro de 2011

VOLTAR AOS TEUS BRAÇOS

Voltar ao teus braços
É como voltar a casa depois de longa ausência.
Toco-te como tocaria os objectos
Que acompanham o meu quotidiano.
Inebria-me o teu cheiro
Como o das rosas que secaram
Na jarra da sala
Sobreviventes dos dias de solidão.


Sem ti não tenho casa
Porque sem ti não há braços para me receber.
As portas da tua casa fazem-no
Porque só abrem para dentro.
SS