Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sábado, 13 de abril de 2013

TEMPO


Nós não temos tempo
nem mesmo uma imagem dele.
É uma aragem que surge entre nós
que nos atravessa sem passagem.
Nunca o sentimos,
não o medimos
e não o conseguimos ver.

Tempo é algo
que escorre pelos dedos
e se alberga na nossa alma.

E como não o conseguimos aí deter
buscamo-lo continuamente
para o tentar apreender.

Tempo para nós
Limita-se ao estar
sem limites

sem dúvidas.

Tempo para nós é só ficar.


SS

quinta-feira, 11 de abril de 2013

PERDI A ALMA


Perdi a alma
nas pequenas coisas
do quotidiano;
nas conversas trocadas
pelas ruas
com gente que vagueia;
nas notícias
que se cruzam
ocas e sem destino;
na chuva
que cai sem parar
no inverno desta primavera;
nas flores
que não abrem
porque se apagou o sol;
nos dias
que se sucedem
em discordante sequência;


perdi a alma
por mim
por ti
por nós
pela ausência…

SS

domingo, 7 de abril de 2013

METÁFORA PESSOAL

São longos e escusos os caminhos
desta jornada
de que não vemos o rumo nem o ponto de chegada.
A cada passo que damos
o nosso esforço em entender
parece arrastar-nos para o caos e para o nada.

Esta indefinição é uma zona escura
que nos confunde
e nos perturba qualquer reflexão.
Melhor será esperar o fim da tempestade
para recomeçarmos do ponto de partida
com novos e transparentes meios de visão.

Para que o nosso mundo nos pareça mais claro
caminhemos afastando-nos dos prédios
pois só assim nos aperceberemos da cidade.


SS