Olhei para o livro na vitrina.
Tinha cores e palavras.
E muitas folhas.
Entrei.
Folheei.
Pensei em Pessoa e discordei.
Definitivamente
Livros não são só papéis pintados
com tinta.
O livro que me prendeu o olhar
era de papel, certamente
cor na capa, escrita preta.
Nisso estava certo o poeta.
Porém,
o correr da imaginação
a necessidade poética
ou até a distração
inibiram-no de pensar.
Falta ali acrescentar:
cada livro é uma alma
que namora quem o lê.
Tem um cheiro especial
que nos veste por inteiro.
E sempre que lhe tocamos,
de forma particular,
é sensual como um corpo
que gostamos de afagar.
SS