Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sábado, 21 de abril de 2012

LIVRO

Parei.

Olhei para o livro na vitrina.

Tinha cores e palavras.

E muitas folhas.

Entrei.

Folheei.

Pensei em Pessoa e discordei.

Definitivamente

Livros não são só papéis pintados com tinta.


O livro que me prendeu o olhar

era de papel, certamente

cor na capa, escrita preta.

Nisso estava certo o poeta.

Porém,

o correr da imaginação

a necessidade poética

ou até a distração    

inibiram-no de pensar.


Falta ali acrescentar:  

cada livro é uma alma

que namora quem o lê.

Tem um cheiro especial

que nos veste por inteiro.

E sempre que lhe tocamos,

de forma particular,

é sensual como um corpo

que gostamos de afagar.

SS

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