Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sexta-feira, 23 de agosto de 2013


Sou concha
que o mar trouxe lá do fundo
e esqueceu por distração no areal.

Ninguém deu por mim.

Nem tu 

a quem eu vinha destinada.

Envolvida pela areia
e com tão pequeno formato
nem te apercebeste que nela estava guardado
um recado especial para ti.

Que pena não me teres encontrado…


SS

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

ESPERA



Para além do azul
havia ainda um outro azul
mais azul ainda.

Era o mar.

De longe ela olhava-o
esperando que alguém
viesse para a levar.
O tempo passou
e ninguém chegou.

Alheada, numa espécie de miragem,
não mais se mexeu
e continuou a esperar
cativa de um regresso
numa ponta de aragem.

SS

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

APRENDIZAGEM


Antes de ti já procurava
os segredos da palavra
e os caminhos do saber.

Um dia apareceste
e provocaste o meu processo de aprender.
Para ser capaz de uma resposta
questionei-me em íntimo combate.

Recuperei tesouros escondidos
falei-te deles e questionei-te.
Argumentaste mas eu refutei.
Então percebi, que à tua sombra,
ficara pronta para qualquer debate.
 
SS

terça-feira, 20 de agosto de 2013


Ouço o teu silêncio
enquanto buscas
em folhas dispersas
a cadeia de nomes e de datas

e até de lugares
que te revelem um dia
qual é o teu verdadeiro chão.


Cada nome é uma raiz
Cada data é uma história
Cada lugar uma memória.
É uma busca dispersa e cruzada,
como as podas num jardim:
não é pelo olhar que as entendes
mas pelo teu coração.


SS

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

NADA


Levou-te  a distância e o tempo

no emaranhado das tarefas

e da tua quotidiana vivência.

Levaste contigo as palavras

e até o pensamento.

Para mim sobrou apenas  ausência.
 
SS