Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sábado, 28 de maio de 2011

ILUSÃO

Para viver
Preciso de ilusão
Nem muita
Nem pouca
Apenas a bastante
Para ver sol quando chover

GM

quinta-feira, 26 de maio de 2011

ESTAÇÕES

Na tarde desta primavera

Feita Verão antecipado

Um raio atravessou o céu grisalho

E um trovão ecoou longe de mim.

A chuva começou

Primeiro como orvalho

E logo em bátegas pesadas

Que derrubaram as pétalas

Das rosas do meu jardim.


Não encontro explicação

Para este tempo

Sem estação demarcada.

Por isso me interrogo amiúde

Se é erro da Natureza

Ou sou eu que estou mudada.

GM

terça-feira, 24 de maio de 2011

AZUL

Perde-se o meu olhar no azul
Celeste
Cobalto
Marinho
Ou no simplesmente azul
Que não sei se existe
Ou se imaginei.



Por isso perco o meu olhar
Na extensão do céu
Na profundidade do mar
Nas gemas de lazúli e de safiras
Para encontrar o tal tom
Que não sei se existe
Ou se imaginei.

GM

domingo, 22 de maio de 2011

PALAVRAS

Unem-nos as palavras

Com que desfiamos

O que reprimimos


Quando o silêncio
Ditado pela ausência
Se interpõe entre nós.
Nunca estabelecemos um assunto para elas.
Deixamo-las vaguear à nossa volta
Numa estranha teia de frases soltas,
De perguntas e respostas
Que discutimos
E que vamos guardando
Numa caixa virtual
Que abrimos com rumor
E numa pressa fatal
Sempre que o mote proposto
É o amor.

SS