Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


domingo, 5 de maio de 2013

RECADO A MINHA MÃE




Mãe,
como em todos os outros anos
desde que partiste,
hoje também terás flores 

e serão da mesma roseira que mandaste plantar
junto ao muro do jardim
agora transformado num enorme painel de rosa e branco
pintado pelos primeiros raios do sol

que se fez tardio, mas chegou por fim.

Vou tentar mais uma vez
que o dia seja de festa
e que ninguém sinta saudades,
coisa difícil numa casa
que conserva ainda o teu cheiro,
a tua voz,
o teu sorriso,
os teus ralhetes,
enfim…
tudo o quotidiano em que se sente a tua presença
mesmo depois todos estes anos de ausência.

Prometo-te, mãe,
que hoje te vamos procurar
nas estrelas que acendeste no céu por cada um nós
para que te pudéssemos rever em cada noite.
E, apesar de separados pelos acasos da vida,
de onde quer que estejamos hoje
seis beijos de amor irão até ti chegar.

BOM DIA, MÃE


SS