Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sexta-feira, 22 de agosto de 2014

DEFINITIVO/ INFINITIVO

Definitivamente
falar para quê
quando não apetecem as palavras
a quem as dirigimos?
Se temos que as usar
há que decidir num segundo
quem realmente  as merece
ou a quem devemos calar
o sentir do  nosso mundo.

Por isso evito falar
quando dentro de mim adivinho
quem não pretende escutar
as que escolho com carinho.
Entre as que prefiro usar
para dizer o que sinto,
a quem gosta de escutar,
ofereço  a forma mais bela
que a gramática me oferece:
o infinitivo de amar.
SS




quarta-feira, 20 de agosto de 2014

TRATO DE AMAR

Não abras a porta
se não for eu a bater.
A tua porta já conhece o meu toque
e, se não o conseguires pressentir
por já estares a dormir,
certamente ela te irá acordar
porque já se habituou a ele
e sabe que, todas as noites,                                  
impreterivelmente,
mais tarde ou mais cedo,
eu irei chegar,
em sonhos ou pessoalmente.

A tua porta
(não a da saída, mas a da entrada).
no seu silêncio e na sua discrição
é a única presença estranha
no nosso privado trato de amar.

SS