Uma irreverência entre a memória e a saudade
Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...
sábado, 1 de dezembro de 2012
A FLORBELA ESPANCA
O povo falava, mas nada dizia
Perante uma vida grávida da dor
Tua companheira de tantas jornadas
Mesmo daquelas que julgavas de amor.
O povo falava, mas não admitia
A imagem desprezível que de ti criou
de árvore seca que morreu sem frutos
história inventada por quem te invejou.
O povo falava, mas nada fazia
Porque a cobardia sempre se cala
Frente à força de quem quer voar.
Um dia voaste. E o povo ainda fala…
SS
Não lamentes quem já se ausentou.
A eternidade é algo sem lugar,
sem princípio e sem fim
para onde todos caminhamos
e donde ninguém voltou.
Quando lá chegarmos
não vamos pensar no que deixamos
nem no que está para vir.
Teremos à nossa espera
todos quantos partiram antes
para prepararem o nosso caminho.
E nesse espaço, que julgamos tão distante
porque nos chama sem avisos,
ficaremos lado a lado com quem já nos deixara
mas que, felizes pelo reencontro,
nos recebem sempre com sorrisos.
SS
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
DIA DE VOLTAR
Um dia vai ser.
Não sei quando
nem o antevejo,
mas sei que vai acontecer.
Nesse dia
Vais-me esperar no sítio do costume,
dar-me o beijo do costume
e arrancar comigo
para um lugar
onde possamos conversar
entre sorrisos e olhares coniventes,
presos entre o desejo e a pressa de amar.
Mais tarde, como de costume,
a conversa rolará fluente,
as palavras sairão sem as pensarmos
e colidirão por vezes certamente
até que os dois,
felizes por as debatermos,
as acomodemos
cada uma delas no seu lugar.
Depois,
bem depois,
do desejo satisfeito,
do coração feliz
e do espírito iluminado
chegará a hora de regressar.
Só não sei quando,
mas um dia vai ser dia de voltar.
SS
Não sei quando
nem o antevejo,
mas sei que vai acontecer.
Nesse dia
Vais-me esperar no sítio do costume,
dar-me o beijo do costume
e arrancar comigo
para um lugar
onde possamos conversar
entre sorrisos e olhares coniventes,
presos entre o desejo e a pressa de amar.
Mais tarde, como de costume,
a conversa rolará fluente,
as palavras sairão sem as pensarmos
e colidirão por vezes certamente
até que os dois,
felizes por as debatermos,
as acomodemos
cada uma delas no seu lugar.
Depois,
bem depois,
do desejo satisfeito,
do coração feliz
e do espírito iluminado
chegará a hora de regressar.
Só não sei quando,
mas um dia vai ser dia de voltar.
SS
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
terça-feira, 27 de novembro de 2012
Longos são os dias
quando apenas nos ouvimos
e não nos vemos.
Curtos são os dias
quando apenas nos vemos
e não nos ouvimos.
Os primeiros são os da distância,
em que as palavras se soltam
em bando desordenado
para nos fazer esquecer quanto o espaço
nos separa.
Os segundos são os da presença,
aqueles em que as palavras disfarçam a
saudade
nos gestos, beijos e abraços que
trocamos
para apagarmos quanto o tempo nos
negara.
segunda-feira, 26 de novembro de 2012
Perdi-te, amor,
no vento que sopra em contratempo,
no espaço que não se deixa medir,
no passar dos dias que já nem sentimos,
na rotina diária que nos confunde,
nas palavras vazias que proferimos.
Para te encontrar
há que voltar atrás e encontrar o tempo
em que o espaço existia e os dias se ajustavam
ao mundo que ambos construímos
na partilha de gostos e anseios
de seres que viviam porque amavam.
Perdi-te, amor,
mas vou-te encontrar.
Sumiu-se o teu rasto na bruma que se ergueu
mas não o alento para te resgatar.
SS
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