Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


quinta-feira, 11 de junho de 2015

Dias/noites

DIA/NOITE

Em cada manhã que nascia
era a algema dos teus braços
a prenderem-me
sobre os lençóis amarrotados
da noite que findara.

Em cada tarde era espera
que o sol de escondesse
e que tu voltasses
para me encontrares
antes que a lua chegasse.

Em cada noite era o regresso
do amor que sobrara da véspera
e o adivinhar das palavras invulgares
que inventaras de dia
para à noite m' enamorares.

SS

quarta-feira, 10 de junho de 2015

ANJO LIBERTINO

O amor é novo todos os dias.
Anjo libertino
nada o impede de aparecer
e vir-me desafiar
para eu brincar com ele.
Nunca resisto às suas traquinices
e deixo-me arrastar
por tudo quanto ele me propõe e faz.

Cada pessoa tem um anjo destes em si.
Tu és o meu.
Será que sou capaz
De me tornar também num anjo destes para ti?

SS

Porque o amor é novo todos os dias

domingo, 7 de junho de 2015

AUSÊNCIA

O meu silêncio amor
não quer dizer nada
que não saibamos.
As nossas palavras
têm atravessado a cortina da ausência
e, apesar do tempo que partilhamos
para eu e tu sermos um nós,
precisamos daquela presença
que o telefone não dá.
Não é por ele que vejo os teus olhos,
sinto o teu coração
ou o calor de um abraço.
Preciso mesmo é do embalo do teu corpo
E do castanho do teu olhar,
lençol que envolve a minha nudez
nos momentos em que tu és o meu homem
e eu tua mulher mais uma vez.


SS