Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sábado, 8 de janeiro de 2011

TEMPOS DO TEMPO

É longo o tempo “antes” Aquele em que a capacidade de desejar Se consome na dúvida Do que realmente se irá passar É breve o tempo “durante” Aquele em que a ânsia de tudo saborear Contrai as horas em minutos E os segundos passam a voar É longo o tempo “depois” Aquele que a memória teima em evocar Feito de instantes de êxtase intenso De que a saudade não nos deixa libertar SS

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Falar-te De que os dias são compridos E as noites custam a passar. .. Dizer-te Que a chuva não pára E o vento continua a soprar... Contar-te Que o livro que comprei há dias Está mesmo a acabar... Descrever-te O novo quadro Que acabei ontem de pintar... Explicar-te Como ficou o novo prato Que aprendi a cozinhar... Estas são pequenas coisas Do meu quotidiano Aparentemente sem nexo Mas que tenho urgência De contigo partilhar IM

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Não sei o que o teu olhar Vê quando me fita Nem o que sentes Quando me aproximo de ti. Mas sempre que isso acontece O teu sorriso demonstra Que o meu lugar está ali. SS

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

ESPAÇO VAZIO

Adormeceu a tarde Envolta em frio e humidade E o cinza deu lugar ao negro. Não se vêm estrelas Não há luar Nem se ouvem ruídos Da cidade. Recolho-me no sofá E como um gato Enrosco-me mesmo ali Fugindo ao desconforto Da ausência Que me faz sentir Despida Neste espaço vazio de ti SS