Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


quinta-feira, 14 de junho de 2018

SOL

Lá fora há sol
E corre uma brisa solitária
Que quebra o calor
Nesta tarde de um verão tão esperado.
Foi longo o inverno
E isso afastou ainda mais
Quem já estava separado.
Aproveitemos  o tempo novo
Para  enchermos o espaço
Deixado pela solidão
De todo um tempo perdido.
Recobremos o sabor
Dos nossos dias de amor.

GM

terça-feira, 12 de junho de 2018

NORTADA


Definitivamente
hoje não é dia de irmos ver o mar.
Afasta a ideia do copo no bar do costume,
como gostamos de fazer nos fins de tarde,
em que esperamos que o poente nos envolva
no círculo fechado do embalar das ondas
que no seu pacato vai e vem
é um cenário idílico de som e de cor.

Hoje a nortada pintou o mar de verde,
um verde acinzentado,
polvilhado por centenas de flocos de espuma
assustando as gaivotas que, coitadas,
se recolheram em grupo, apinhadas
ao longo do paredão.

Mas porque não vamos ver o mar
não fiques triste.
Dá-me a mão,
fecha os olhos e deixa-te guiar.
À falta de um fim de tarde à beira-mar
Juntos faremos uma íntima celebração:
por praia, teremos a nossa cama
por ocaso, o pensamento que voa como o vento
e daí partiremos até onde o amor nos quiser levar.

domingo, 10 de junho de 2018