Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sábado, 19 de novembro de 2011

Entre nós resistem as palavras
Sons feitos de nada
Mas de que dependemos para ser quem somos.
Ditas, escritas ou mesmo só pensadas
São mensageiras de muitas formas de sentir.
E para quem já perdeu tanto do que fomos
Surgem entre nós como a única via
Para um regresso ao início do nosso existir.
SS

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Hoje foi mais um dia
Igual a tantos outros dias
Em que por mais que se tente
Nada de diferente acontece.

Fez sol, é certo, e o ar esteve mais quente
Mas que ajuda isso traz
A quem sonha com a paz
E vê como ela esmorece?


SS

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

CARÍCIA

Passo-te a mão pelo cabelo
Numa carícia leve
Para que não a sintas.
Não aprecias, eu sei,
Mas vou insistindo.
Pode ser que um dia
Se dê um milagre
E digas que gostas
Ainda que mintas.


GM

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

SOLIDÃO

Da rua chegam-me os passos apressados
De quem corre fugindo à chuva.
Em casa, apenas a música
Quebra a mudez dos móveis
E da solidão que não é só minha
Mas também do clima pesado que se pressente
E das palavras ditas ou escritas que não existem
Porque hoje
Até os livros estão fechados.


GM

terça-feira, 15 de novembro de 2011

A UMA AMIGA MUITO ESPECIAL

A tua casa é a minha casa
Lugar de partilha de sonhos e memórias.


Também os teus filhos são os meus filhos
Porque os concebemos com a mesma esperança
Com que vivemos o nosso ontem
construímos um futuro
e esperamos um incerto amanhã.


São meus os teus sorrisos
As tuas dores
As tuas palavras
E os teus silêncios.


Onde estamos as duas
Está a nossa casa.
Com mel e lágrimas foi edificada
Com sorrisos e ternura será sempre habitada.


GM
Custa-me este silêncio
Que, de repente, caiu sobre nós.
Nada fizemos para isso
Mas a vida por vezes tem destes nós
Que não atamos, nem desatamos
E são alheios à nossa vontade.

Apesar da chuva,
Amanhã é um outro dia
Talvez faça sol de novo
E com ele volte a liberdade.

SS

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

O ARTIGO E O SUBSTANTIVO

É certo
Que o que está perto
É mais visível
E também é certo
Que o mais visível
Sempre nos atrai
Por ser mais apelativo.

Por isso e por muitas razões mais
Que seria do artigo
Se não existisse o substantivo?

SS