Uma irreverência entre a memória e a saudade
Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...
sexta-feira, 4 de março de 2011
VOAR
Deixem-me voar
A terra impõe-se-me como as quatro paredes
De uma sala fechada
Onde por sítios invisíveis todos espreitam
A minha privacidade.
Voar permite libertar-me
Das amarras curiosas dos voyeurs
E até dos que não me vêm e por mim passam.
Voar leva-me a atingir o céu
Cujo azul me garante a imensidão da eternidade.
Nele não há lugar
Para grilhões, conversas frouxas
Ataques pessoais.
Lá não existe nada nem ninguém.
Por isso
Deixem-me voar.
Alcançar o céu e o azul
É a minha meta final
Para atingir o grau máximo
Da pureza e liberdade.
SS
quarta-feira, 2 de março de 2011
ESPERANÇA
Que tal fazermos uma escapada
Voarmos para a terra do nada
E construirmos um espaço para os dois
Onde haja sol, paz e muita esperança
E cada dia seja para ambos uma novidade
Como eram todos aqueles que vivemos
Quando o nosso dever era apenas ser criança?
SS
terça-feira, 1 de março de 2011
Faz um berço com as tuas mãos
E abriga-me lá dentro
Como se eu fosse uma ave abandonada.
Depois embala-me
Devagar, muito devagarinho
Para que eu possa adormecer
Na paz de um qualquer passarinho.
E se puderes, sem me acordar,
Beija-me como se eu fosse a bela adormecida.
Pode parecer-te um absurdo
Este tão estranho pedido.
Mas, amor, foi a forma mais terna que encontrei
De saber quanto me queres
Sem desfolhares uma margarida.
SS
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