Uma irreverência entre a memória e a saudade
Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
No teu olhar,
Quando te encontro,
Vejo por inteiro
O filme da nossa ausência.
Ele reproduz,
Como um guião,
Cada momento
Cada fantasia
Cada sentir
Deste afastamento
Que nos foi imposto
E nunca uma opção.
No teu olhar,
Quando te encontro,
Depois de analisado o argumento
Surge o “happy end”
E um logotipo
Com forma de coração.
ss
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
CONSCIÊNCIA?
Dizem-me que por ser humana
Tenho direito a ter uma consciência!
Aprendi isso na Filosofia
Que sugere ainda que é algo trivial
Para qualquer ser humano normal.
Contudo, para mim, a consciência
É uma espécie de voz interior
Que vem lá detrás, não sei donde
E me diz o que devo ou não fazer
Que atitude tomar ou que escolher
Não a sinto como a atitude da mente
Que gere a disposição da minha vontade
E me obriga a viver sob a sua tirania.
Por isso só a ouço ou a respeito quando quero
E, se ela não concorda comigo, eu espero.
Sou pois um espírito inconsciente
E sê-lo-ei até ao fim dos meus dias.
Apesar de correr o perigo de pecar
Sou absurdamente surda para a tal de consciência
Quando a questão central passa por amar….
SS
domingo, 20 de fevereiro de 2011
SONHOS
Às vezes de manhã
Não consigo perceber
Se estou desperta ou a dormir
Tal a sensação que tenho
De que tudo o que me cerca
É o mesmo cenário
E a mesma história
Para onde a noite,
força sedutora
Fora capaz de me atrair.
Com o tempo descobri
Como a noite era enganadora…
E deixei de dar valor
A esses sonhos sem verdade
Que prometem quanto desejamos
E que, finda a noite, e desperta a aurora
Nos entregam sem nenhuma piedade,
Ao desacerto da realidade.
SS
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