Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sábado, 1 de março de 2014

NEVOEIRO


Nada do que disseres

pode fazer diferença.

Há silêncios que ferem
há os que silenciam
e os que nos matam.  

Mas pior do que esses
são os que sugerem
sinais invisíveis de indiferença...
 
SS

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

I'LL BE THERE


Vou estar contigo, amor.
Não sei sobre que disfarce
Ou com que máscara...
Mas vou estar,
atenta,
a sorver o que vais dizer.

Falar de tudo quanto sabes
é a tua forma suprema de viver.

 
SS

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

TERNURA

Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...

Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Mourão-Ferreira, in "Infinito Pessoal