Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sábado, 25 de agosto de 2012

SAUDADE


Saudade
é o amor que fica
nas pequenas coisas do nosso quotidiano:
um objecto
um beijo
um carinho

um animal
uma flor
e nas grandes coisas de toda a nossa vida:
um país
uma casa
uma família
uma pessoa
um grande amor...


SS

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

ROTA DAS PALAVRAS


Quando as soltam,
as palavras ganham asas
cruzam céus desconhecidos
rotas por abrir
mares e oceanos infinitos
percorrem continentes
em busca de quem as saiba ouvir
para serem partilhadas.

Às vezes caiem em locais errados
e não se sentindo entendidas
partem novamente
e recomeçam o caminho
com o mesmo vigor
e a mesma mensagem da partida
até chegarem a quem sinta 

que elas lhes foram destinadas.

SS

quinta-feira, 23 de agosto de 2012




O silêncio é um buraco fundo
onde se enterram as palavras.
Com elas vão
o sentido das coisas
o estar
as emoções
os afectos
as sensações
tudo que faz de nós um ser
com capacidade de viver e de amar.

Porquê escondê-las
se a vida nos concedeu
o som para as pronunciar?


SS

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

CAMINHO DO AMOR


Volúvel e diverso
é o caminho do amor.

Nasce como um fio de água corrente
fino
transparente
coleante
e flui contornando os obstáculos
com que depara
na busca do ser amado. 

Muitas vezes
as dificuldades do percurso escolhido 

desviam-no,
fazem-no perder o sentido
e ele desaparece naturalmente
como água que se some no areal.

Noutras
o rumo que toma
fortalece-o
e enfrenta sem hesitações
qualquer impedimento
até conseguir o que deseja..

Quando isto acontece
pode descansar feliz
nos braços do ser amado.
que é a razão final do seu intento…


SS

domingo, 19 de agosto de 2012





A tarde amornou
sobre os corpos ferventes dos banhistas.
A praia foi-se esvaziando
e o sol desceu lentamente
desfazendo-se no mar
numa poalha de brilhantes.


O ar ficou parado.
Deixei-me ficar no quebranto
a gozar o silêncio que não tivera antes
e que agora nem as ondas perturbavam.

Dei por mim mais tarde,
Acordada de um sono que não dormi.
Sozinha…


Sozinha não
com o areal e o mar
estavam as mesas vazias a meu lado.
SS