Uma irreverência entre a memória e a saudade
Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...
sábado, 16 de fevereiro de 2013
BOA NOITE, AMOR
Quando chegares atira-me apenas um beijo
e não me acordes.
Deita-te a meu lado
E dorme em paz,
devagarinho.
Não me beijes
nem me toques
nem me puxes os lençóis.
É demasiado sagrado aquele espaço
a que por ser só nosso eu chamo ninho.
SS
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
PROCURA
Procurei-te no sítio do costume
mas já não encontrei a tua sombra
nem senti o cheiro dos teus cigarros.
Também não vi a marca nervosa dos teus sapatos
sobre o tapete verde da relva do jardim.
Porque partiste, amor,
sem esperar por mim?
SS
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
NEVE
Na minha cidade não há neve
mas há mar
que quando bate nas rochas
faz castelos de flocos
que se espalham pelo ar.
Na minha cidade não neva
mas há espuma do mar.
SS
domingo, 10 de fevereiro de 2013
NÉVOA
Não ouço
as gaivotas
nem o mar
apenas tenho a névoa por companhia.
Perdi o rumo.
nem o mar
apenas tenho a névoa por companhia.
Perdi o rumo.
Desencontrei-me
do mundo.
Os meus passos já não ecoam
e o silêncio que me rodeia
passou a ser meu único companheiro
neste desenrolar de cada dia.
Os meus passos já não ecoam
e o silêncio que me rodeia
passou a ser meu único companheiro
neste desenrolar de cada dia.
SS
Foto de Luís Carapeto
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