Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sábado, 6 de outubro de 2012

REFLEXÃO


Quando as nossas palavras se encontram
a conversa escorre
e o tempo passa sem o sentirmos.
Mesmo opostas são um ponto de união
que nos compensa da ausência.

No que respeita ao coração
pode-se amar levados pelo calor de um corpo
ou apenas seguindo o rumo de uma boa opinião.


SS

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

ESPERANÇA?



Precisava do teu colo
Desse abraço largo onde caibo toda,
eu e os meus pensamentos,
e deixar-me embalar por ti.

Precisava de ouvir da tua boca que tudo está bem.
que não vai ser preciso lutar
que a esperança vai voltar a ser verde
o céu azul, 
e que tudo se vai arranjar.

Precisava que dissesses que me queres.
Precisava que estivesses aqui
para me dizer que tudo isto não é mais que um pesadelo
e que posso adormecer sem medo
porque se não tiver mais nada
te tenho a ti.  

 SS

 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012



Como as coisas são capazes de mudar!
Há pouco, no meio do lixo
da poda do jardim
surgiu uma magnólia inesperada.
Foi a última do ano
e muito fora da sua temporada
pelo que a recolhi com carinho.

Fenómeno tão raro trouxe-me uma repentina esperança:
Se a natureza é capaz de se renovar assim
conseguirá o nosso desalento destes tempos conturbados
converter-se este Outono numa nova confiança?


GM

domingo, 30 de setembro de 2012

O MEU PAÍS



Pesa-me na alma
ver o meu país nesta convulsão.
Não é a primeira vez
e duvido que seja a última.
Mas faz-me confusão sentir
que este pedacinho que é a terra onde nasci
não tenha conseguido encontrar-se

neste tão longo existir.
E o que mais me apoquenta
É que se contra os estranhos
é um herói
(que o digam os castelhanos)
de portas para dentro
reina sempre uma tormenta
que me faz lembrar Caim e Abel.

Com o mar esqueceu-se o pão.
Para viver ficaram os dedos
porque todos os anéis foram roubados.

E agora …

Agora só irmos daqui para fora
aproveitando a saída pelo mar
a única coisa em que somos os maiores
e que Deus nos deu para  compensar

o erro que cometeu ao criar em nós
esta forma estranha de agir e de pensar.

(Será que um dia a vamos saber aproveitar?)

SS