Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sábado, 6 de setembro de 2014

Recado

Ouço a tua voz
trazida da distância
pela mesma brisa que carrega
o aroma das uvas a começarem a fermentar.
Consigo mesmo seguir o percurso que ela faz,
por entre montes e vales
rasgados por um rio sinuoso
mas tão calmo e doce
que nem se nota a correnteza.


Ouço a tua voz,
mas não te vejo.
Que  importa?
O caminho que lhe indicaste,
para me encontrar e transmitir o teu recado,
foi desenhado por ti com os fragmentos
de tudo quanto para nós é a beleza.

SS

terça-feira, 2 de setembro de 2014

DESAMOR

Pior que um amor perdido
é o desamor.
O amor perdido
passou
encheu-nos a alma
mostrou-nos o perfume da felicidade
fez-nos sorrir, ainda que brevemente
e  depois… bateu asas e voou.
Mas mesmo que por instantes
a marca dele em nós ficou.

O desamor
nasce na ânsia de conhecermos o amor
por isso esperamos
a sua chegada,
sonhando com ele
como real e nunca uma fantasia.
Mas,  indiferente,
passa por nós sem sequer nos ver
e deixa-nos na alma o sabor a nada.


SS

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

A MINHA CASA

A minha casa sou eu própria:
em mim vivo
em mim durmo e sonho
em mim me alimento
em mim me resguardo
da chuva, do vento
e  de outros temporais.
Nela me sinto segura
porque quem me persegue
nunca me vê
pois só encontra uma casa. 


Assim amor,
quando cansado
o corpo te pedir  repouso,
segue o coração e acharás a minha casa,
o lugar que escolhi para vivermos 
e onde encontrarás finalmente
o teu verdadeiro pouso.

SS