Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


quarta-feira, 5 de setembro de 2012

OS MEUS LIVROS



Primeiro há que escrever
aquilo que se gosta ou é capaz
prosa ou poesia, tanto faz.
Depois há que escolher

de tudo o que se elabora
o que mais lhe aprouver
ou apenas o que lhe apetecer
e ordená-lo com lógica

para que o entenda o leitor.
E é a vez do computador:
Copiar o texto inteiro
corrigi-lo e paginá-lo
e a seguir imprimi-lo.
Depois de uma verificação

para ver se está tudo certo,
chega a vez de lhe dar forma.
Há que cortar o papel,
com guilhotina ou x-acto
e em seguida acertá-lo
ou seja como que alindá-lo.

Das folhas passa-se ao livro:
Há que fazer uns furos na margem
de preferência na esquerda,

juntar as folhas por ordem
e, para não caírem na desordem,

logo depois cozê-las
umas às outras bem presas.
Cuidadinho com as rugas
pois queremo-las lisas e tesas.
Vinca-se-se ao meio um cartão
(com o dobro de cada folha)
Que servirá da capa ao dito.
Cola-se o caderno cozido
pela linha da dobragem
para fazer a lombada.


Em seguida vem o texto:
põe-se 1 cm de cola
no síto onde dobra a lombada
Na página do rosto e no final
(processo de disfarçar
o que houve de costurar).
Depois colam-se rótulos
com o título e a editora.
Deixa-se tudo a secar
debaixo de um peso grande

Gostaram? E depois?

Ofereço-o aos amigos
presumindo de artesã
porque além de escritora,

fui tipógrafa
encadernadora

e até mesmo editora.

SS

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