Nem o teu calor me aquece,
nem as tuas mãos me afagam.
Há paredes invisíveis entre nós
enormes,
intransponíveis,
blocos de cimento que nos impedem a passagem.
Que felizes éramos
quando apenas nos separava a distância
e nas nossas jornadas solitárias
as palavras
eram tudo o que tínhamos de bagagem.
SS
Uma irreverência entre a memória e a saudade
Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
domingo, 1 de dezembro de 2013
AUSÊNCIA
A nossa ausência começou antes de nós
Nos lugares onde não nascemos
nas pessoas que não conhecemos
na infância que não partilhámos
nas escolas que juntos não frequentámos
no liceu onde nunca me foste buscar
nos cursos que fomos tirando
nas cidades em que ambos não estudámos.
A nossa ausência foi marcada
por outros alguéns que ambos amámos
por guerras e revoltas que não escolhemos
pelos filhos que fomos fazendo
e pelos dos outros que nós ensinámos.
Nunca nos conhecemos, mas sempre vivemos
em busca de alguém onde nos encontrarmos.
A nossa ausência hoje é uma presença
tem corpo, tem voz, tem realidade.
Encontra-se no espaço de cada instante
em que ambos nos unimos em total verdade.
SS
Nos lugares onde não nascemos
nas pessoas que não conhecemos
na infância que não partilhámos
nas escolas que juntos não frequentámos
no liceu onde nunca me foste buscar
nos cursos que fomos tirando
nas cidades em que ambos não estudámos.
A nossa ausência foi marcada
por outros alguéns que ambos amámos
por guerras e revoltas que não escolhemos
pelos filhos que fomos fazendo
e pelos dos outros que nós ensinámos.
Nunca nos conhecemos, mas sempre vivemos
em busca de alguém onde nos encontrarmos.
A nossa ausência hoje é uma presença
tem corpo, tem voz, tem realidade.
Encontra-se no espaço de cada instante
em que ambos nos unimos em total verdade.
SS
quinta-feira, 21 de novembro de 2013
O DIA A SEGUIR
O dia a seguir é o pior.
É o dia em que não queremos acreditar,
e em que ainda nem sentimos ausência
porque a proximidade da partida
alimenta a fé num possível regressar.
Mas no dia a seguir
começa a sentir-se a irrealidade
de uma vida igual à anterior.
Por isso o dia a seguir
é o primeiro de um tempo novo
erguido sobre memórias e vivido na saudade.
SS
É o dia em que não queremos acreditar,
e em que ainda nem sentimos ausência
porque a proximidade da partida
alimenta a fé num possível regressar.
Mas no dia a seguir
começa a sentir-se a irrealidade
de uma vida igual à anterior.
Por isso o dia a seguir
é o primeiro de um tempo novo
erguido sobre memórias e vivido na saudade.
SS
terça-feira, 19 de novembro de 2013
NUMA PARTIDA
Filó
Acredito que cada um de nós
será capaz de transformar a dor da tua partida
num momento de muitas memórias
em que a tua perda representa apenas mais uma ausência
e cada lágrima, que agora choramos,
uma pérola que enfiaremos no cordão
que é o passar de cada dia
e com que faremos um rosário especial
para rezarmos por ti.
A eternidade não tem princípio e nem fim.
Quando lá chegarmos
Não temos que pensar no que ficou para trás
nem no que está para vir.
Nesse momento
teremos à nossa espera
todos quantos como tu nos deixaram
para nos esperarem e indicarem o caminho.
E nesse lugar, que julgamos sempre tão distante
Porque nos chama de surpresa,
Vamos ver-te à nossa espera
A fazer o que tão bem sabes: sorrir.
Até sempre, amiga
Isabel
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
ESTRADA
A cada dia
percorremos mais um pouco da longa estrada
que há entre nós,
espaço vazio que desconhecemos
mas de que procuramos entender a realidade.
Os passos dados em direcção ao outro
são apenas etapas
que nos ligam mais do que nos separam.
Partimos com a certeza de um encontro,
termo desta busca de desejo modelado na saudade.
SS
sexta-feira, 15 de novembro de 2013
RUMO DE PALAVRAS
Recolho-me nas tuas palavras,
aves em voo de um bando perdidas
buscando o seu rumo num outro lado
que não o dos outros, dos comentaristas,
mas antes diverso do que é esperado.
Sorvo-as por inteiro,
não em frases longas, mas letra a letra,
alimento-me com elas para me livrar
da teia tecida por malabaristas
que jogam com elas para nos enganar.
SS
aves em voo de um bando perdidas
buscando o seu rumo num outro lado
que não o dos outros, dos comentaristas,
mas antes diverso do que é esperado.
Sorvo-as por inteiro,
não em frases longas, mas letra a letra,
alimento-me com elas para me livrar
da teia tecida por malabaristas
que jogam com elas para nos enganar.
SS
domingo, 10 de novembro de 2013
CIDADE DESCONHECIDA
Procurei-te em cada canto que percorri
mas não te achei,
não te senti,
não te beijei.
A cidade hoje foi outro lugar
que eu não conhecia,
por onde nunca passei
e que vou tentar esquecer
como se esquecem os lugares vazios
aqueles que não nos dizem nada
porque além de inúteis são sempre frios.
SS
mas não te achei,
não te senti,
não te beijei.
A cidade hoje foi outro lugar
que eu não conhecia,
por onde nunca passei
e que vou tentar esquecer
como se esquecem os lugares vazios
aqueles que não nos dizem nada
porque além de inúteis são sempre frios.
SS
sábado, 9 de novembro de 2013
PROXIMIDADE DISTANTE
É quase insuportável
este saber-te longe de mim
quando vou estar tão perto.
Vou imaginar-te em cada esquina
e em cada lugar que já percorremos.
Mas apesar de não te poder ver por ali
o lugar a meu lado será sempre teu decerto.
SS
este saber-te longe de mim
quando vou estar tão perto.
Vou imaginar-te em cada esquina
e em cada lugar que já percorremos.
Mas apesar de não te poder ver por ali
o lugar a meu lado será sempre teu decerto.
SS
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
ORALIDADE
Quase tanto como do teu corpo
preciso das tuas palavras
que me dizem o que gosto de ouvir:
pequenos segredos nossos
que só nós conhecemos
só nós partilhamos
só nós entendemos.
É um querer feito de palavras soltas
que trocamos em pura liberdade.
Mais que os grandes gestos ou carícias
o que sustenta este nosso amor
é sabermos usá-lo em oral cumplicidade.
SS
preciso das tuas palavras
que me dizem o que gosto de ouvir:
pequenos segredos nossos
que só nós conhecemos
só nós partilhamos
só nós entendemos.
É um querer feito de palavras soltas
que trocamos em pura liberdade.
Mais que os grandes gestos ou carícias
o que sustenta este nosso amor
é sabermos usá-lo em oral cumplicidade.
SS
quarta-feira, 30 de outubro de 2013
SAUDADES DE NÓS
Não sei porquê
Mas tenho saudades de nós,
das pequenas coisas vividas
num quotidiano que não existe,
das trocas de palavras
em conversas sem falarmos,
do cruzar de olhares
que nunca vemos,
da partilha de ideias que não revelamos.
Somos cúmplices do nada
indivíduos sem voz,
será por isso que tenho
tantas saudades de nós?
SS
terça-feira, 29 de outubro de 2013
Sufoco
Sufoca-me
a lentidão do tempo
que parece nunca acabar.
Sufoca-me
este silêncio dos corpos
que não se podem encontrar.
Sufoca-me
a imposição de existirmos
sem nos podermos amar.
SS
a lentidão do tempo
que parece nunca acabar.
Sufoca-me
este silêncio dos corpos
que não se podem encontrar.
Sufoca-me
a imposição de existirmos
sem nos podermos amar.
SS
sábado, 26 de outubro de 2013
VIRGEM
Despi-me toda para ti.
Deixei a pele a nu
no despojamento de um recém-nascido.
Nada ficou marcado em mim
de outro tempo
de outra pessoa
de qualquer amor antes sentido.
Agora aqui me tens.
Sinto que continuo virgem
toda por inteiro.
A ninguém pertenço
porque nunca fui tão livre.
Vem, meu amor, torna-me tua,
ama-me porque chegou a tua vez.
De todos os homens que há sobre este mundo
eu te escolhi para que fosses o primeiro.
SS
Deixei a pele a nu
no despojamento de um recém-nascido.
Nada ficou marcado em mim
de outro tempo
de outra pessoa
de qualquer amor antes sentido.
Agora aqui me tens.
Sinto que continuo virgem
toda por inteiro.
A ninguém pertenço
porque nunca fui tão livre.
Vem, meu amor, torna-me tua,
ama-me porque chegou a tua vez.
De todos os homens que há sobre este mundo
eu te escolhi para que fosses o primeiro.
SS
sexta-feira, 25 de outubro de 2013
GOSTO...
Gosto de te ver ao fim da tarde
quando o sol, prestes a partir,
para receber a lua
que se anuncia,
se veste de mil cores
antes de fugir.
Gosto de te ver na alvorada
quando a lua, já cansada,
para dar lugar ao sol,
mergulha no mar
tão de mansinho
que nem damos por ela se ocultar.
Gosto de te ver sempre, amor,
quer de noite, quer de dia.
Que a lua tenha fases
ou o sol esteja a dormir ou acordado
nada disso me importa.
Sempre que me quiseres,
a cada vinte e quatro horas,
só tens mesmo que bater à minha porta.
SS
quando o sol, prestes a partir,
para receber a lua
que se anuncia,
se veste de mil cores
antes de fugir.
Gosto de te ver na alvorada
quando a lua, já cansada,
para dar lugar ao sol,
mergulha no mar
tão de mansinho
que nem damos por ela se ocultar.
Gosto de te ver sempre, amor,
quer de noite, quer de dia.
Que a lua tenha fases
ou o sol esteja a dormir ou acordado
nada disso me importa.
Sempre que me quiseres,
a cada vinte e quatro horas,
só tens mesmo que bater à minha porta.
SS
quarta-feira, 23 de outubro de 2013
SENTIDO DE VIDA
Faço as coisas sem saber porquê
talvez por instinto
ou simplesmente por acaso.
Guardo o que sou dentro mim
e só contigo o partilho de um modo total.
Posso enganar todo o mundo
mas a ti eu nunca minto
não por ser pecado mortal
mas apenas por instinto.
Exerces de meu guia
e é minha a tua medida
ao avaliar o que faço e o que sinto.
É por isso que sem ti
não teria sentido a minha vida.
SS
talvez por instinto
ou simplesmente por acaso.
Guardo o que sou dentro mim
e só contigo o partilho de um modo total.
Posso enganar todo o mundo
mas a ti eu nunca minto
não por ser pecado mortal
mas apenas por instinto.
Exerces de meu guia
e é minha a tua medida
ao avaliar o que faço e o que sinto.
É por isso que sem ti
não teria sentido a minha vida.
SS
domingo, 20 de outubro de 2013
ANIVERSÁRIO
Enquanto fui menina
que o dia do meu aniversário
acontecesse apenas uma vez no ano
nunca me tinha apercebido.
Mas hoje cada dia que passa
de todos que vou vivendo
é para mim um dia de aniversário
porque EU a cada dia celebro o ter nascido...
SS
que o dia do meu aniversário
acontecesse apenas uma vez no ano
nunca me tinha apercebido.
Mas hoje cada dia que passa
de todos que vou vivendo
é para mim um dia de aniversário
porque EU a cada dia celebro o ter nascido...
SS
sexta-feira, 18 de outubro de 2013
TARDE DE CHUVA
Está triste a tarde, amor,
Tal como eu.
Revejo-me no cinza insistente do céu
e sinto como lágrimas a chuva que lá fora cai.
Esta penumbra lembra-me saudade
ausência de corpos em intimidade
grito solitário que de minha alma sai.
SS
sábado, 12 de outubro de 2013
BRAÇOS
Que saudades tenho dos teus braços
não por causa dos abraços
como poderás talvez pensar.
Eles são realmente saborosos
tal como um leito
e neles me consigo embalar.
Mas não é por isso só
que tenho saudades dos teus braços.
Eles são o pilar que me sustém
e me impede de cair e magoar.
Trave segura do meu corpo
esses teus braços
são o que primeiro me enlaça
para depois me puderes amar.
SS
sexta-feira, 11 de outubro de 2013
BOM DIA, AMOR
Fernando Pessoa tinha um heterónimo feminino, Maria José, rapariga doente que a cada dia via passar o seu amor pela rua, mas que embora sabendo que nada poderia ter dele sonhava que um dia poderia receber um pouco do seu amor. A letra deste fado são as palavras escritas pelo poeta para esse seu outro existir.
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
Não sei porque partiste mais uma vez
sem me avisar
e no meio de um silêncio tão profundo.
Estranhei a tua ausência
se bem que saiba que o teu mundo
não cabe no tempo
e não tem lugar.
Mas dentro de mim,
e sem me avisares,
sei que irás regressar
porque sou para ti um porto de abrigo.
Enquanto espero,
a cada noite me visto de estrelas
e me deito sobre uma colcha azul profundo.
O meu brilho te guiara de novo para mim,
meu amor, meu amante, meu amigo.
SS
terça-feira, 8 de outubro de 2013
ESPAÇO VAZIO
Não sei explicar
nem encontro palavras que me sirvam
para te dizer como estou, como me sinto
dentro deste muro a que alguém chamou saudade.
Feito de dias que conto sem somar
e de horas que passam a voar
tentando, sem conseguir,
travar a sensação da perda,
esse tempo que nos negam partilhar
é um espaço vazio onde nunca poderemos
viver o nosso amor em liberdade.
SS
segunda-feira, 7 de outubro de 2013
SABER QUE ESTÁS AÍ
Ter-te perto
É saber que estás aí
Não interessa onde
Nem como,
Presente ou ausente
Apenas que estás aí.
Mesmo que não te ouça
Te sinta ou te veja
Saber simplesmente isso
Basta-me.
Nada me pode acontecer
Porque estás comigo.
A tua força dá-me energia
E o teu querer vontade.
Vejo o céu no teu olhar
E sigo o teu rasto
Nas pegadas de cada dia.
Saber que estás aí
Faz-me crer
Que vale a pena esperar…
É saber que estás aí
Não interessa onde
Nem como,
Presente ou ausente
Apenas que estás aí.
Mesmo que não te ouça
Te sinta ou te veja
Saber simplesmente isso
Basta-me.
Nada me pode acontecer
Porque estás comigo.
A tua força dá-me energia
E o teu querer vontade.
Vejo o céu no teu olhar
E sigo o teu rasto
Nas pegadas de cada dia.
Saber que estás aí
Faz-me crer
Que vale a pena esperar…
SS
sábado, 5 de outubro de 2013
HORIZONTE PESSOAL
Enrolei-me em ti
e deixei-me moldar
pela forma do teu corpo.
Os meus gestos foram os teus
e as palavras que proferi
o eco da tua voz.
Num só ser nos tornamos
como água da mesma fonte.
E o mundo que partilhamos passou a ser um espaço
que tem como limite
apenas o nosso particular horizonte.
e deixei-me moldar
pela forma do teu corpo.
Os meus gestos foram os teus
e as palavras que proferi
o eco da tua voz.
Num só ser nos tornamos
como água da mesma fonte.
E o mundo que partilhamos passou a ser um espaço
que tem como limite
apenas o nosso particular horizonte.
SS
sexta-feira, 4 de outubro de 2013
Guardo-te comigo num espaço limitado
quase emparedado,
pelo céu, pela terra, pelo mar.
Nesse lugar sem tempo
te conservo abrigado
de tudo que nos queira separar.
Contudo podes sempre partir
se sentires que já não estou na tua vida.
De nada és prisioneiro.
Amar não rima com prender
Antes evoca sempre um companheiro.
SS
quinta-feira, 3 de outubro de 2013
MARÉS
Chegaste até mim como as marés
entre recuos e avanços,
entre temporais e dias de bonança.
Talvez por isso me surpreendes a cada dia
e sinto que estás presente mesmo ausente.
Amar-te assim não é um sentimento
é um puro exercício de esperança.
SS
sexta-feira, 27 de setembro de 2013
FIM DE VERÃO
E hoje o dia foi assim:
esperando a chuva prometida
e que afinal não chegou,
a trovoada que nem se anunciou
e o vento que ficou em algum lado
como coisa esquecida.
Foi o fim do Verão, amor,
agora só nos teus braços
eu poderei encontrar
um pouco da estação perdida
naquilo que só tu me sabes dar:
muita luz, muito calor.
SS
esperando a chuva prometida
e que afinal não chegou,
a trovoada que nem se anunciou
e o vento que ficou em algum lado
como coisa esquecida.
Foi o fim do Verão, amor,
agora só nos teus braços
eu poderei encontrar
um pouco da estação perdida
naquilo que só tu me sabes dar:
muita luz, muito calor.
SS
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
SENTIR
Não sonhei
nem te vi
apenas te senti como uma brisa
ao longo deste dia que passou.
Sinal que estás em mim
e mesmo envolvidos na distância
o nosso amor não terminou.
SS
quinta-feira, 19 de setembro de 2013
Beijo feito mar
Junto da praia,
neste pôr de tarde,
cada lufada de vento
arrastou no seu torvelinho
um beijo para me entregar.
E a minha face ficou perfumada
por dois odores diferentes:
um que, de longe, brotou de ti
e o outro que me trouxe o mar.
SS
terça-feira, 17 de setembro de 2013
VIAGEM
Vem.
Não me perguntes para onde,
mas parte comigo.
Cruzemos o céu e o mar
sem rumo certo
e sem tino.
Confia em mim
sem questionar.
Olha-me nos olhos apenas
e deixa-te levar.
Desfrutemos plenamente da viagem
onde o que menos interessa é o ponto de destino.
SS
domingo, 15 de setembro de 2013
Tarde
Pôs-se triste a tarde
cinzenta e ventosa.
Sugere recolhimento,
um livro, um filme na televisão,
um delírio culinário
para um jantar requintado
ou …
outras coisas que não comento...
SS
quarta-feira, 11 de setembro de 2013
SESTA
Nesta tarde de céu azul e morno
em que tudo está quieto à nossa volta
apetecia-me dormir um largo sono.
E, quando acordasse, fazê-lo no teu regaço
Tendo como manta um sorriso
e como travesseiro um grande abraço.
SS
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
ESPAÇO PARA ESTAR
Porque voo em sonhos
e porque sonho voando?
Porque deixo a minha alma
perder-se neste eterno procurar
de um sítio para ter paz
ou apenas repousar?
Nesta busca incessante
e persistente
nunca achei pouso nem lugar
em que pudesse por fim parar...
Porque me revelas o horizonte em cada abraço,
em cada palavra, em cada gesto, em cada olhar,
talvez tu sejas o tal espaço
que procuro há tanto tempo para estar.
SS
domingo, 8 de setembro de 2013
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
AMOR SERÔDIO
O nosso amor
é como um tinto juvenil
que, bem tratado,
fermentou e se adoçou.
Maturou,
ganhou em corpo e vigor,
perdeu os arroubos da juventude,
envelheceu,
e abriu em sabor.
SS
é como um tinto juvenil
que, bem tratado,
fermentou e se adoçou.
Maturou,
ganhou em corpo e vigor,
perdeu os arroubos da juventude,
envelheceu,
e abriu em sabor.
SS
quinta-feira, 5 de setembro de 2013
REGRESSO
Sou ave migrante.
Acompanho o ritmo dos dias,
vivo em função das estações
e o meu voo é sempre para além
do que podes alcançar.
Para me teres, contudo,
não precisas de muito:
basta mandares-me um recado pelo vento,
meu timoneiro neste eterno viajar.
Logo que o receba
de onde quer que eu esteja,
por mais longe que seja esse lugar,
regressarei
porque eu "sinto" sempre
onde te posso encontrar.
SS
quarta-feira, 4 de setembro de 2013
AMOR INTEIRO
Senti-te chegar bem de mansinho,
como se fosses uma brisa a passar.
Brilhavam nos teus olhos mil estrelas
que desfiavam os raios de luar.
Entraste na cama e procuraste-me.
Nesse momento
toda a luz que vinha lá de fora
estendeu-se sobre nós
e iluminou o nosso leito
onde, para ser inteiro,
o amor é sempre feito devagar.
SS
terça-feira, 3 de setembro de 2013
REGRESSO?
Não tenho para te dizer
que tu já não saibas.
As minhas novidades são escassas,
tão escassas como o nosso tempo.
Apetecia-me ser gaivota
e saber voar,
cruzar os ares e aterrar no teu colo
para ficar ali a descansar.
Só não ouso fazê-lo
porque depois de ti,
no meu regresso,
talvez já não conseguisse
reencontrar a minha rota.
SS
sexta-feira, 30 de agosto de 2013
PERCURSO
Num mundo qualquer
nos conhecemos
nos conhecemos
e depois …
em qualquer texto
nos encontramos
em qualquer tema
nos debatemos
em qualquer hora do dia
nos amamos
SS
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
quarta-feira, 28 de agosto de 2013
VIRTUALIDADE
Chegaste de longe
por caminhos em que Eros
se cruzava com o gosto do saber.
Encontrámo-nos na intercepção
das duas linhas.
E o diálogo buscado
acabou por se estabelecer
primeiro por curiosidade
depois por necessidade
e hoje porque o destino
lhe deu asas e o fez crescer.
Pena que este encontro tão real
se viva em ambiente virtual.
SS
segunda-feira, 26 de agosto de 2013
C A L O R ...
Tarde de verão…
Estúpida
parada
por causa do calor.
Lembra apenas bebidas frescas
sombra, inércia, indolência
e até o silêncio é um favor.
Desculpem-me,
apenas uma concessão:
esqueçamos toda esta inconveniência
se aparecer, por acaso,
um convite, uma cama e um amor.
SS
Estúpida
parada
por causa do calor.
Lembra apenas bebidas frescas
sombra, inércia, indolência
e até o silêncio é um favor.
Desculpem-me,
apenas uma concessão:
esqueçamos toda esta inconveniência
se aparecer, por acaso,
um convite, uma cama e um amor.
SS
sexta-feira, 23 de agosto de 2013
quinta-feira, 22 de agosto de 2013
ESPERA
Para além do azul
havia ainda um outro azul
mais azul ainda.
Era o mar.
De longe ela olhava-o
esperando que alguém
viesse para a levar.
O tempo passou
e ninguém chegou.
Alheada, numa espécie de miragem,
não mais se mexeu
e continuou a esperar
cativa de um regresso
numa ponta de aragem.
SS
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
APRENDIZAGEM
Antes de ti já procurava
os segredos da palavra
e os caminhos do saber.
Um dia apareceste
e provocaste o meu processo de aprender.
Para ser capaz de uma resposta
questionei-me em íntimo combate.
Recuperei tesouros escondidos
falei-te deles e questionei-te.
Argumentaste mas eu refutei.
Então percebi, que à tua sombra,
ficara pronta para qualquer debate.
SS
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Ouço o teu silêncio
enquanto buscas
em folhas dispersas
a cadeia de nomes e de datas
e até de lugares
que te revelem um dia
qual é o teu verdadeiro chão.
Cada nome é uma raiz
Cada data é uma história
Cada lugar uma memória.
É uma busca dispersa e cruzada,
como as podas num jardim:
não é pelo olhar que as entendes
mas pelo teu coração.
SS
segunda-feira, 19 de agosto de 2013
NADA
Levou-te a distância
e o tempo
no emaranhado das tarefas
e da tua quotidiana vivência.
Levaste contigo as palavras
e até o pensamento.
Para mim sobrou apenas ausência.
SS
quinta-feira, 15 de agosto de 2013
ANIVERSÁRIO
Fazer anos
é um dom
porque celebra a vida
e nos desperta a memória
para a nossa própria história.
Momento de alegria
mas também de reflectir
no que está já feito
e no que há-de vir,
é um instante de passagem
tão rápido como uma aragem
que mal chega logo parte
mas nos inspira emoção:
uma pitada de dor
temperada com amor.
Bom dia de anos, senhor.
O seu conceito de idade
a cada dia lhe mente
porque pensa nele como um crivo.
O que importa realmente
não é a soma dos anos
mas a sua prova real.
Se a fizer bem feitinha
Perceberá que está vivo.
SS
terça-feira, 13 de agosto de 2013
terça-feira, 6 de agosto de 2013
Nasci banhada pelas marés,
cresci com as sirenes dos navios
e os pregões cantados das peixeiras.
O destino desenhou a minha rota
num areal dourado
à hora em que partia a frota
para mais um tempo de canseiras.
Por isso o destino marcou-me fatalmente
e embora o meu corpo seja o de gente
a alma que carrego é de gaivota.
SS
domingo, 4 de agosto de 2013
SILÊNCIO
O som das tuas palavras
serve-me de vestido
na tua ausência.
Com ele tapo a nudez
de cada um os dias que passam
sem te ver
sem te sentir
sem te tocar
e submersa pela tua mudez.
SS
serve-me de vestido
na tua ausência.
Com ele tapo a nudez
de cada um os dias que passam
sem te ver
sem te sentir
sem te tocar
e submersa pela tua mudez.
SS
quinta-feira, 1 de agosto de 2013
segunda-feira, 29 de julho de 2013
APENAS
Apenas no sono
encontro a paz .
Apenas no teu olhar
eu me reconheço.
Apenas vivo porque sou capaz
de resistir à dor de não poder estar
com quem me aquece quando arrefeço.
SS
encontro a paz .
Apenas no teu olhar
eu me reconheço.
Apenas vivo porque sou capaz
de resistir à dor de não poder estar
com quem me aquece quando arrefeço.
SS
quinta-feira, 25 de julho de 2013
VIVER
Abre os braços bem abertos,
rodeia-me com eles
e mima-me como se me quisesses adormecer.
Depois deixa-me sonhar e não mais me despertes.
Ter-me em mim dessa maneira
É a mais doce forma de viver.
SS
rodeia-me com eles
e mima-me como se me quisesses adormecer.
Depois deixa-me sonhar e não mais me despertes.
Ter-me em mim dessa maneira
É a mais doce forma de viver.
SS
quarta-feira, 24 de julho de 2013
ABRAÇAR
Não contei cada dia
cada hora
cada minuto
cada segundo
que vivi neste tempo longo
sem te sentir nem olhar.
Hoje somei todos eles
para tentar entender
como fui capaz de resistir sem ti
e viver sem te abraçar.
SS
cada hora
cada minuto
cada segundo
que vivi neste tempo longo
sem te sentir nem olhar.
Hoje somei todos eles
para tentar entender
como fui capaz de resistir sem ti
e viver sem te abraçar.
SS
sábado, 13 de julho de 2013
BOA NOITE
Boa noite, amor,
mesmo a esta distância
sem ocasião
de me responderes.
Mas,
sabes,
não consigo calar toda esta ânsia
que me avassala
sempre que vou dormir
sem me quereres.
SS
quarta-feira, 10 de julho de 2013
FOTOGRAFIA
Hoje,
no meio do meu trabalho,
por entre ficheiros e arquivos
dos que tenho escrito ou consultado
para dar vida a dois textos renascidos,
encontrei-me com a tua fotografia.
Fiquei parada,
olhei-te longamente
e enchi os meus olhos de ti.
Deus meu,
Há quanto tempo te não via...
SS
no meio do meu trabalho,
por entre ficheiros e arquivos
dos que tenho escrito ou consultado
para dar vida a dois textos renascidos,
encontrei-me com a tua fotografia.
Fiquei parada,
olhei-te longamente
e enchi os meus olhos de ti.
Deus meu,
Há quanto tempo te não via...
SS
quarta-feira, 26 de junho de 2013
ABRAÇO
Sentir-te procurar-me de mansinho
olhando-me como se olha o que se quer,
roçares na minha a tua pele
alisando-a como se fosse um malmequer,
saber que estás ali a esperar
que eu acorde
para me puderes amar,
faz-me pensar que vivo em outro mundo
em que nada mais existe
para além desses teus braços
abertos num abraço
em que me afundo.
SS
sábado, 22 de junho de 2013
terça-feira, 18 de junho de 2013
NEM SEMPRE SILÊNCIO
O meu silêncio
não é por nada ter para te dizer.
Antes pelo contrário
tenho tanto
que todas as palavras que escrevesse
não chegariam para o fazer.
Dizer-te quanto sinto a tua ausência
quanta falta me faz o teu olhar,
o teu sorrir, o teu pensar,
a maneira como te diriges a mim
as conversas que travamos,
as gargalhadas que sobre nós damos
é muito pouco para o que haveria a contar.
Sei que falamos diariamente
mas ouvir e não te ver
rouba-nos a sensação do toque e da presença
pequenos grandes nadas que nos ligam
e uma forma quase completa de contigo conviver.
SS
domingo, 16 de junho de 2013
CANSAÇO
Queria dar-te um beijo
mas estou tão cansada
que não sou capaz de me deslocar
depois do monte de tarefas para acabar.
Boa noite, amor.
Vou-me deitar.
Não estarás a meu lado certamente
mas no fim da confusão do meu dia
basta-me apenas dormir.
Não te ofendas comigo
pois mais do que amar
hoje preciso dormir profundamente.
SS
sábado, 15 de junho de 2013
INFINITO
Para além deste nosso tempo
haverá um outro tempo
que está algures à nossa espera.
Será um tempo novo
sonhado por nós
que não sabemos onde fica
nem como lá chegar
mas onde nos queremos reencontrar.
Ali nasceremos de novo
teremos outra vida
crescendo juntos
partilhando o nosso quotidiano
não como coisa vedada
mas ambicionada.
Ambos teremos que partir
para o alcançar.
Prometo chamar-te depressa
se for eu a primeira a ir.
SS
quinta-feira, 13 de junho de 2013
PRECE
quarta-feira, 12 de junho de 2013
Separou-nos o tempo
e as circunstâncias
que não a vontade.
Essa
sufocamo-la dentro de nós
nas palavras trocadas
nas saudades sentidas
nos temas discutidos
à distância do pensamento
nunca do afastamento.
Esse foi apagado da nossa memória.
Mas mais forte que tudo
foi a teimosia
de escrever a nossa história
no desfiar de cada dia.
SS
terça-feira, 11 de junho de 2013
Hoje não me apetece falar de amores,
felizes ou infelizes,
de ausências ou de saudades,
de lágrimas derramadas
pelos males do coração,
de fugazes abandonos
por crises de ciumeira,
de bilhetinhos de amor
que não chegam ao destino
por desvio ou distracção.
Não, hoje não farei nada disso.
Vou dedicar-me à leitura.
Sofrer tanto pelos outros,
os que amam ou desamam,
como se fosse eu a vítima
é tarefa que satura.
SS
domingo, 9 de junho de 2013
ENCONTRO
Encontro-me comigo
no desaguar do nosso amor
quando somos um ser em dois corpos
que se unem,
que se sentem,
que se querem com ardor.
Encontro-me comigo
no silêncio que guardamos,
na troca cega de olhares
no toque quente das mãos.
Encontro-me comigo
sempre que estamos.
SS
sábado, 8 de junho de 2013
SIMPLESMENTE QUADRA
Nunca me dizes a palavra amor
Por isso preciso de traduzir
o teu “gosto” pelo que quero ouvir.
Será por vergonha ou por pudor?
SS
sexta-feira, 7 de junho de 2013
quinta-feira, 6 de junho de 2013
FÓRMULA
Apetecia-me dizer-te tanta coisa!...
Contar-te tudo quanto fiz desde manhã,
coisas pequenas, é certo
mas muitas e variadas
para manter ocupada a minha mente
e assim lembrar-me menos de ti.
Não penses em nenhum momento
que isto é por desamor
É apenas um modelo que criei
para tentar perceber
se a saudade pode ser a forma adequada
para conhecer um outro lado do amor.
SS
quarta-feira, 5 de junho de 2013
SAUDADES DOS DIAS
Boa noite, amor.
Neste fim de um dia
que teima em não acabar,
que me encheu de cansaço,
mas foi curto para matar a saudade
de um grande uma amizade
vinda do outro lado do mar,
em que brindamos à vida
frente a um mar azul de fundo,
senti saudades de ti,
do tempo em que que não havia ausência
e o mais longe para nós
era apenas o AQUI.
SS
terça-feira, 4 de junho de 2013
segunda-feira, 3 de junho de 2013
AMIZADE
Pressinto-te a amizade
Nas palavras escritas de cada dia
que se cruzam entre nós
soltas, curtas,
como se nos quisessem agarrar
e unir.
Sabe bem lê-las
quando não as posso ouvir.
SS
sábado, 1 de junho de 2013
PRECE
Conto cada dia
como desfio contas de um terço
em que cada Avé-Maria
é uma prece
e cada Glória representa
uma fé num encontro ou num regresso.
No tempo que vivemos
é isto que me aguenta
e resistir a tanta ausência
o que mais peço .
SS
quinta-feira, 30 de maio de 2013
COMPENSAÇÃO
Mais um dia
em que a primavera se vestiu de Inverno
e a chuva e o frio vieram para ficar.
Apesar de tudo,
as rosas do meu jardim floriram
e, quais sentinelas,
cismam em durar
e nem mesmo o vento as convence a cair
apesar de as obrigar a um balanço constante.
Estão ébrias de água e se as tento cortar
desfazem-se no chão no mesmo instante.
Mas as que apanhei, antes da chuva chegar,
e que tenho à frente do lugar onde trabalho,
enchem-me os olhos de perfume e de beleza.
Pu-las aqui do lado apenas para meu prazer
e elas, para compensarem
o engano da estação,
olham para mim e sorriem
com um tímido “desculpa-nos”
directo ao meu coração.
SS
terça-feira, 28 de maio de 2013
BUS STOP
Não esperes, amor,
Hoje não vou aparecer.
O céu acinzentou-se
e o sol perdeu o calor com a aragem
que arrasta tudo na sua correria.
Não tenho coragem de sair
mas bem que gostaria
de mais uma vez ser para ti
um porto de paragem.
Não tenho coragem de sair
mas bem que gostaria
de mais uma vez ser para ti
um porto de paragem.
SS
BATUTA
Não adormeças sem me dar a mão.
Receio perder-me de ti
na turbulência do sono.
Se não te sinto perco-me
e procuro encontrar-te
por entre os farrapos de sonho
que se debatem dentro de mim.
Mas se eu estiver presa a ti
nunca me desviarei do meu caminho
e mesmo adormecida
seguirei com atenção todos os teus passos.
Para que não me perca
não preciso de te ver ou de te ouvir.
Basta-me sentir que a tua mão
como uma batuta
marca o ritmo do meu coração.
SS
sábado, 25 de maio de 2013
NORTADA
Definitivamente
hoje não é dia de irmos ver o mar.
Afasta a ideia do copo no bar do costume,
como gostamos de fazer nos fins de tarde,
em que esperamos que o poente nos envolva
no círculo fechado do embalar das ondas
que no seu pacato vai e vem
é um cenário idílico de som e de cor.
Hoje a nortada pintou o mar de verde,
um verde acinzentado,
polvilhado por centenas de flocos de espuma
assustando as gaivotas que, coitadas,
se recolheram em grupo, apinhadas
ao longo do paredão.
Mas porque não vamos ver o mar
não fiques triste.
Dá-me a mão,
fecha os olhos e deixa-te guiar.
À falta de um fim de tarde à beira-mar
Juntos faremos uma íntima celebração:
por praia, teremos a nossa cama
por ocaso, o pensamento que voa como o vento
e daí partiremos até onde o amor nos quiser levar.
SS
terça-feira, 21 de maio de 2013
TEMPO
O tempo cerca-nos
como um véu que nos envolve
e decide cada um dos nossos actos.
Mostra-se mas não se deixa prender
sentimo-lo como algo que nos ultrapassa
e que modela a vida que nos tocou viver.
Possuir o tempo não é fácil
é uma contínua busca ideada
que nos desgasta a cada segundo
ao deixar-nos sempre a sensação
que por mais que o procuremos
dele o que resta é sempre o nada.
Possuir o tempo está muito além de nós.
Tal como sucede com a eternidade
sabemos que existe, que anda por aqui,
mas que nunca o atingiremos
porque mais que dimensão é divindade
SS
sábado, 18 de maio de 2013
Uma das poesia favoritas escrita por um saudoso amigo meu
Seria o Amor Português
Muitas vezes te esperei, perdi a conta,
longas manhãs te esperei tremendo
no patamar dos olhos. Que me importa
que batam à porta, façam chegar
jornais, ou cartas, de amizade um pouco
— tanto pó sobre os móveis tua ausência.
Se não és tu, que me pode importar?
Alguém bate, insiste através da madeira,
que me importa que batam à porta,
a solidão é uma espinha
insidiosamente alojada na garganta.
Um pássaro morto no jardim com neve.
Nada me importa; mas tu enfim me importas.
Importa, por exemplo, no sedoso
cabelo poisar estes lábios aflitos.
Por exemplo: destruir o silêncio.
Abrir certas eclusas, chover em certos campos.
Importa saber da importância
que há na simplicidade final do amor.
Comunicar esse amor. Fertilizá-lo.
«Que me importa que batam à porta...»
Sair de trás da própria porta, buscar
no amor a reconciliação com o mundo.
Longas manhãs te esperei, perdi a conta.
Ainda bem que esperei longas manhãs
e lhes perdi a conta, pois é como se
no dia em que eu abrir a porta
do teu amor tudo seja novo,
um homem uma mulher juntos pelas formosas
inexplicáveis circunstâncias da vida.
Que me importa, agora que me importas,
que batam, se não és tu, à porta?
longas manhãs te esperei tremendo
no patamar dos olhos. Que me importa
que batam à porta, façam chegar
jornais, ou cartas, de amizade um pouco
— tanto pó sobre os móveis tua ausência.
Se não és tu, que me pode importar?
Alguém bate, insiste através da madeira,
que me importa que batam à porta,
a solidão é uma espinha
insidiosamente alojada na garganta.
Um pássaro morto no jardim com neve.
Nada me importa; mas tu enfim me importas.
Importa, por exemplo, no sedoso
cabelo poisar estes lábios aflitos.
Por exemplo: destruir o silêncio.
Abrir certas eclusas, chover em certos campos.
Importa saber da importância
que há na simplicidade final do amor.
Comunicar esse amor. Fertilizá-lo.
«Que me importa que batam à porta...»
Sair de trás da própria porta, buscar
no amor a reconciliação com o mundo.
Longas manhãs te esperei, perdi a conta.
Ainda bem que esperei longas manhãs
e lhes perdi a conta, pois é como se
no dia em que eu abrir a porta
do teu amor tudo seja novo,
um homem uma mulher juntos pelas formosas
inexplicáveis circunstâncias da vida.
Que me importa, agora que me importas,
que batam, se não és tu, à porta?
Fernando Assis Pacheco, in A Musa Irregular
FUGA
Não sei que dizer-te deste meu silêncio,
deste meu recolhimento mais forçado
que escolhido,
deste fuga do quotidiano
do manter-me em local bem escondido.
Não o procurei.
Foi-me imposto
por coisas,
talvez até pequenos nadas,
mas que a raiva me faz ver como Adamastores
e por isso nego-me a dobrar o cabo
que mais, do que de tormentas,
temo que seja espaço de outras dores.
Estou só e sem forças
e não avisto nenhum piloto de D. João II
que me ate as mãos ao leme
e me faça lutar contra outro mar
que, mesmo desconhecido,
poderia talvez ser o que eu procuro,
aquele em que a calmaria
tornasse este meu corpo
um ser mais aberto à vida,
mas, hoje, sobretudo, renascido.
SS
segunda-feira, 13 de maio de 2013
OLHAR
Não precisamos de palavras entre nós.
O nosso olhar diz
tudo quanto queremos
e sentimos.
Nele se confundem
as vivências
de horas esquecidas
em que nenhum de nós pensa sermos dois.
É o registo único do quanto dizemos
e do que ficou por dizer nas horas partilhadas.
Por isso para nós
as palavras não são nada.
Se me queres
não fales.
Olha bem fundo de mim.
Para nos amarmos
basta-nos a fusão dos olhos com o silêncio.
SS
domingo, 5 de maio de 2013
RECADO A MINHA MÃE
Mãe,
como em todos os outros anos
desde que partiste,
hoje também terás flores
e serão da mesma roseira que mandaste plantar
junto ao muro do jardim
agora transformado num enorme painel de rosa e branco
pintado pelos primeiros raios do sol
que se fez tardio, mas chegou por fim.
Vou tentar mais uma vez
que o dia seja de festa
e que ninguém sinta saudades,
coisa difícil numa casa
que conserva ainda o teu cheiro,
a tua voz,
o teu sorriso,
os teus ralhetes,
enfim…
tudo o quotidiano em que se sente a tua presença
mesmo depois todos estes anos de ausência.
Prometo-te, mãe,
que hoje te vamos procurar
nas estrelas que acendeste no céu por cada um nós
para que te pudéssemos rever em cada noite.
E, apesar de separados pelos acasos da vida,
de onde quer que estejamos hoje
seis beijos de amor irão até ti chegar.
BOM DIA, MÃE
SS
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