Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


quinta-feira, 30 de maio de 2013

COMPENSAÇÃO



Mais um dia
em que a primavera se vestiu de Inverno
e a chuva e o frio vieram para ficar.
Apesar de tudo,
as rosas do meu jardim floriram
e, quais sentinelas,

cismam em durar
e nem mesmo o vento as convence a cair
apesar de as obrigar a um balanço constante.
Estão ébrias de água e se as tento cortar
desfazem-se no chão no mesmo instante.

Mas as que apanhei, antes da chuva chegar,
e que tenho à frente do lugar onde trabalho,
enchem-me os olhos de perfume e de beleza.
Pu-las aqui do lado apenas para meu prazer
e elas, para compensarem
o engano da estação,
olham para mim e sorriem
com um tímido “desculpa-nos”
directo ao meu coração.


SS

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