Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sábado, 18 de maio de 2013

FUGA


Não sei que dizer-te deste meu silêncio,
deste meu recolhimento mais forçado
que escolhido,
deste fuga do quotidiano
do manter-me em local bem escondido.

Não o procurei.
Foi-me imposto

por coisas,
talvez até pequenos nadas,
mas que a raiva me faz ver como Adamastores
e por isso nego-me a dobrar o cabo

que mais, do que de tormentas,
temo que seja espaço de outras dores.

Estou só e sem forças
e não avisto nenhum  piloto de D. João II
que me ate as mãos ao leme
e me faça lutar contra outro mar
que, mesmo desconhecido,
poderia talvez ser o que eu procuro,
aquele em que a calmaria
tornasse este meu corpo

um ser mais aberto à vida,
mas, hoje, sobretudo, renascido.

SS

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