Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


terça-feira, 1 de setembro de 2009

Apetecia-me surpreender-te a dormir Nesse sono relaxado de uma tarde de verão. Iria pé ante pé partilhar a tua nudez E amar-te-ia sem que acordasses. Seria um amor suave, lento, Igual àquele que fazemos em sonhos Quando estamos separados. Beijar-te-ia todo devagarinho, timidamente, Como se te descobrisse pela primeira vez. Com a palma da mão, afagaria o teu rosto E desenharia o contorno dos teus olhos. Se entretanto não acordasses, Subiria para cima do teu corpo E, com movimentos de maré vaza, Despertar-te-ia num convite irrecusável Para ultrapassarmos os limites De todos os prazeres da carne E que nos faria planar como gaivotas No espaço imenso de um areal. SS

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