Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sexta-feira, 27 de março de 2015

RUMAR DE NOVO



A manhã nasceu
O sol surgiu redondo
Do lado da cidade
E coloriu de rosa
O azul do mar.
Levantei-me de mansinho
Sacudi as penas
E fiz um voo curto
Para me alongar
E recuperar do medo da noite que findara.
Pousei na orla da maré.
Olhei para o alto
E pareceu-me ver,
Se bem que longe,
Um vulto ondulante de gaivota.
Aguardei ansiosa
Que se aproximasse
Para desfazer a minha dúvida
E confirmar a minha esperança.
E eis que ela chegava.
Num movimento em arco
Deslizou para junto de mim.
Cobriu-me com as asas
Cansadas de me procurarem,
segundo segredou.
Encantada
Abriguei-me nas suas penas
E mesmo sem falarmos
Percebi que não fora abandonada.

Olhei o céu
Olhei o mar
E no beijo que trocámos
Descobri
Que voltava a ter rumo novamente

gm

Sem comentários: