Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


domingo, 22 de março de 2015

Derradeiro Poente


É pena, amor,
Mas chegaste tarde.
Vieste na ponta do último raio de sol
De um derradeiro poente.
Não o fizeste de propósito
Acho que foi apenas
Porque não sabias o caminho até mim.
Não peças perdão.
Acredito que demoraste
Porque a viagem foi longa no tempo
E me querias trazer um presente
Que julgavas o mais indicado
Para alguém que não conhecias,
Mas cuja existência intuías
E querias encontrar
Para te descobrires a ti próprio.
E que certa foi a escolha!
Para alguém que vivia
Na sombra dos desafectos
Nada como o que trouxeste:
A luz desse teu sorriso.
Mal me olhaste, eu brilhei
E entendi de repente
Que apesar de tantas trevas
A vida tem um sentido.
Pena ter acontecido
No último raio de sol
De um derradeiro poente.

SS

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