Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


segunda-feira, 9 de março de 2015

A manhã desfez-se na tarde
que surgiu luminosa
e cálida.
E a ausência que éramos tu e eu
deu lugar à presença
que fomos nós.

E a tarde escorreu no tempo
envolvida pelo som dos risos
e das palavras que não se escoavam,
alumiada pelo brilho dos olhares
e acalorada no desejo satisfeito.

E o dia escureceu
porque a noite apagou a tarde
sem que a tivéssemos sentido sequer passar.
E quando a madrugada anunciou nova alvorada

vendo-nos libertos já do peso da saudade,
distraiu-se ao ver-nos a sonhar.


GM

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