Uma irreverência entre a memória e a saudade


Há um fio ténue que liga a memória com a saudade. Chamei-lhe irreverência porque ele se move constantemente e em todas as direcções fazendo-me lembrar o vento que, vindo do mar, me afaga desde que nasci...


sexta-feira, 11 de maio de 2012

PALAVRAS DE AMOR

Palavras de amor

não são as palavras que pronuncias
nos momentos em que o corpo
fala mais do que a alma.
A essas prefiro chamar sensuais
porque é a carne que lhes dá sentido.
Vivem da excitação do momento
e raramente são originais.

Palavras de amor, de verdadeiro amor,
são as fortuitas.
Surgem de repente
e escorrem por mim
como se estivesses a beijar-me inteira.
Ouço-as nos teus sorrisos
que consigo adivinhar à distância.
Nascidas da saudade
crescem na emoção de um esperado reencontro.
A cada dia que passa circulam entre nós
como um vaivém de promessas a pagar.
Quando as pronunciamos?

Nunca o sabemos,
mas para as ouvirmos
basta-nos falar.
SS



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