Sentir a ausência
É notar o vazio deixado
Pelos pequenos nadas que faziam o nosso tempo.
Eram exactamente isso, pequenos nadas:
Um toque mesmo que casual de mãos,
Um golo bebido de copo alheio
Um elogio a um menu escolhido
Uma crítica monossilábica ao ambiente
Uma troca de olhares que só nos víamos
Mas onde cabia um pequeno mundo – o nosso.
Por isso a ausência me deixou sem chão.
A leitura solitária perdeu a riqueza do debate
E com ele foram-se os temas e as palavras
Que aquecíamos com fúria e com ternura.
Apesar de vestidos ficámos nus
De ideias, que não de sentimentos.
Hoje, a esta distância que nos separa,
De que poderemos falar
Senão deste Verão antecipado?
Soror Saudade
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